União
Socialista quer pacto com outros partidos
Folhapress
Montevidéu - Às vésperas das eleições que definirão o novo presidente do Uruguai, os dois candidatos com mais chances de vencer o pleito de domingo, segundo pesquisas de opinião, adotaram discursos antagônicos.
Líder nas sondagens, o socialista José "Pepe Mujica, da coalizão de esquerda Frente Ampla, mostrou-se conciliador e anunciou ontem, em Montevidéu, que pretende estabelecer pactos de governo com todos os partidos, incluindo os que estão à direita de sua legenda.
As declarações de Mujica soam como um aceno preventivo ao Congresso, cuja renovação pode não garantir maioria para um eventual futuro governo da Frente Ampla.
Do lado do candidato conservador Luis Alberto Lacalle (Partido Nacional), segundo colocado, de acordo com pesquisas de opinião, a estratégia foi elevar o tom das críticas ao estilo pessoal de Mujica e disseminar dúvidas acerca de sua capacidade para governar.
Lacalle, que foi presidente do Uruguai entre 1990 e 1995, afirmou que seu partido é "história, enquanto o de Mujica, que chegou ao poder pela primeira vez em 2005 com o atual presidente, Tabaré Vázquez, é "piada.
Vice na chapa de Lacalle, Jorge Larrañaga afirmou de forma irônica que, se for eleito, Mujica governará "debaixo de uma parreira, com dois vira-latas que o avisarão quando os ministros chegarem.
Ex-guerrilheiro tupamaro, Mujica tem origem camponesa, exprime-se em tom coloquial e se veste despojadamente. Durante a campanha, Mujica disse que, se perder a eleição, não pretende retornar ao Senado, mas sim ir "plantar acelga.
Montevidéu - A esquerda do Uruguai se afirma como a favorita para se manter no poder por mais cinco anos. Essa é avaliação de analistas políticos. No entanto, uma nova pesquisa de opinião divulgada ontem, a quatro dias das eleições gerais no país, mostra que o candidato do partido da situação, Frente Ampla, o ex-guerrilheiro José Mujica, deve disputar o segundo turno em novembro contra o ex-líder Luis Alberto Lacalle, do centro-direita Partido Nacional (PN).
A pesquisa de intenção de votos da empresa Grupo Radar dá à Frente Ampla 44,7% dos votos, contra 28,7% do PN e 13,9% do Partido Colorado, o que levaria ao segundo turno, já que nenhum dos mais votados conseguiria alcançar a maioria absoluta.
No segundo turno, de acordo com a pesquisa, Mujica, de 74 anos, teria vantagem de seis pontos porcentuais sobre Lacalle, de 68 anos, no segundo turno, programado para 29 de novembro.
A Frente Ampla, que reúne socialistas, comunistas, democratas cristãos e ex-guerrilheiros, teve um pequeno crescimento com relação a pesquisas anteriores, enquanto o Partido Nacional continuou em franco retrocesso. O Partido Colorado, de centro-direita e uma das correntes políticas históricas do país, também registrou um avanço, mas ainda distante de sua força tradicional.
As pesquisas mais recentes continuam mostrando a previsível tendência da votação para a esquerda com relação às eleições de 2004, quando o médico Tabaré Vázquez ganhou a Presidência no primeiro turno. Com a gestão do governo aprovada pela maioria dos uruguaios e a popularidade de Vázquez em níveis recordes, a Frente Ampla não conseguiu passar para Mujica todo esse apoio. Sua condição de ex-guerrilheiro, postura mais à esquerda e estilo casual que inclui explosões frequentes, o que provocou mal-estar dentro da própria coalizão, impediram essa transferência, de acordo com analistas.
Indecisos
Na última semana de campanha, Mujica e Lacalle, que vem de uma tradicional família de políticos, trataram de atrair os indecisos, mas os analistas acham difícil uma mudança drástica no cenário eleitoral. "O primeiro turno não está decidido, nenhum resultado é descartável", diz César Aguiar, da consultoria Equipos.