Ollanta Humala, o candidato dos intelectuais peruanos, fez comício em Cuzco na última quarta-feira, dia em que Keiko Fujimori, apoiada pelos empresários, se apresentou em Trujillo| Foto: Pilar Olivares e Mariana Bazo/Reuters

"Farpas"

Vargas Llosa acusa jornal

O escritor Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura, acusou o jornal El Comercio de servir como uma "máquina de propaganda da candidatura de Keiko Fujimori". O diário rebateu a crítica e afirmou que Vargas Llosa é um "mentiroso".

Na terça-feira, Vargas Llosa enviou de Madri, onde vive, uma carta endereçada ao diretor do El Comercio, comunicando que pediu ao jornal El País, da Espanha, que não envie mais suas colunas para serem publicadas no impresso peruano.

"O periódico se converteu em uma máquina da propaganda de Keiko Fujimori, que em sua sanha de impedir por todos os meios a vitória de Ollanta Humala, viola diariamente as noções mais elementares da objetividade e da ética jornalísticas", argumentou Vargas Llosa.

O diretor do El Comercio, Francisco Miró Quesada Rada, respondeu na quarta-feira, dizendo que as acusações de Vargas Llosa são mal-intencionadas.

"No atual contexto político peruano, muito polarizado, é inoportuno que os interesses políticos e a conjuntura tenham resultado em uma carta cheia de mentiras", disse Miró Quesada.

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Lima - A eleição presidencial peruana do domingo será a mais disputada da história do país, disseram on­­tem dirigentes dos cinco maiores institutos de pesquisa do Peru.

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A direitista Keiko Fujimori e o esquerdista Ollanta Humala estão tecnicamente empatados: Keiko, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, aparece com 51,1% na pesquisa da IpsosApoyo de on­­tem, e Humala tem 48,9% dos votos válidos. "Trata-se da eleição mais apertada e mais polarizada da história do Peru", disse Heber Joel Campos, professor da Pontifí­­cia Universi­­dade Católica do Peru.

O país está dividido entre as duas candidaturas. Os intelectuais peruanos estão se mobilizando contra Keiko, enquanto empresários atacam Humala.

Os meios de comunicação também estão em campanha aberta – o jornal La Republica, pelo candidato Humala, e o restante dos jornais e tevês, por Keiko.

A Confederação Nacional de Empresas Privadas, também pró-Keiko e seu modelo de livre mercado, está veiculando anúncios dizendo: "Não percamos o que o Peru já ganhou".

Um grupo de cem escritores, entre eles o Nobel Mario Vargas Llosa, divulgou na semana passada uma carta de repúdio à candidatura de Keiko.

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"Eu deixei o Peru por causa do fujimorismo, que matava gente, subornava e censurava jornalistas", disse o escritor Santiago Roncagliolo, um dos autores da carta, que mora na Espanha. "O dinheiro está com Keiko, mas nós, que cuidamos da memória do país, não podemos deixar o autoritarismo voltar."

Engajamento

Para o professor Heber Joel Cam­­pos, esse engajamento tem pouquíssima influência sobre o gros­­so do eleitorado peruano, as clas­­ses média e baixa.

Já a guerra suja entre os candidatos, essa sim tem efeito – e tirou parte dos votos de Keiko. As acusações de que o governo Fuji­­mori teria empreendido um programa de esterilização em 300 mil mulheres pobres vêm afetando a votação dela.

Já Humala tem sido alvo de denúncias de que teria recebido subornos do narcotráfico quando combatia o grupo terrorista Sendero Luminoso, nos anos 90.

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