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Desastre chavista

90% dos hospitais da Venezuela pedem para pacientes comprar insumos para cirurgias

Pacientes em hospital em Valencia, no estado venezuelano de Carabobo (Foto: EFE/Rayner Peña)

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A Pesquisa Nacional de Hospitais (ENH, na sigla em espanhol), divulgada nesta quarta-feira (3) na Venezuela, mostrou que o desastre econômico do chavismo sucateou a infraestrutura de saúde pública no país e obriga a maioria dos venezuelanos a pagar do próprio bolso por insumos que deveriam ser fornecidos gratuitamente para passar por cirurgias.

Em apresentação transmitida online, o coordenador da pesquisa, Julio Castro, afirmou que no ano passado apenas 40% das salas de cirurgia em hospitais públicos na Venezuela estavam operacionais, dentro da média do país nos últimos cinco anos.

Um número alarmante da ENH é que em 90% dos hospitais pesquisados (a organização Médicos pela Saúde coletou dados das 40 maiores instituições da Venezuela) é solicitado aos pacientes que paguem por pelo menos um insumo para que sejam realizadas cirurgias emergenciais ou eletivas.

Em média, cada paciente tem que pagar US$ 81, o equivalente a 22,5 salários mínimos, segundo o site Efecto Cocuyo.

“Alguém pode dizer: ‘US$ 81 é pouco’. Bem, depende de quanto você ganha. Não é a mesma coisa ser secretário de um ministério e trabalhar como vendedor ambulante ou numa empresa privada. Hoje, os venezuelanos têm que colocar a mão no bolso para pagar por uma cirurgia no setor público, embora em teoria elas sejam gratuitas para os pacientes. Em dados internacionais, a Venezuela é o país com os maiores gastos do próprio bolso em saúde”, disse Castro.

O coordenador acrescentou que essa quantia é apenas uma média e há muitos casos em que venezuelanos têm que custear insumos mais caros, como próteses cujo preço pode chegar a US$ 4 mil.

A ENH apontou que 815 pacientes que morreram de infarto e 490 de acidentes poderiam ter sido salvos em 2023 nos hospitais pesquisados se não houvesse falta de equipamentos, medicamentos e pessoal.

“Estas mortes são, na opinião dos nossos contatos in loco, mortes que poderiam ter sido evitadas se o hospital estivesse em melhores condições. Ou seja, é o ‘custo’ em vidas das deficiências dos nossos centros de saúde”, apontou o estudo.

Outros dados da ENH apontaram que apenas 10% dos hospitais têm condições de fazer tomografia, e isso “em determinado momento, nunca 24 horas”, e 30% não têm equipamentos de radiografia.

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