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Pesquisa vasculha cérebro de aranha

A aranha saltadora possui um sistema visual complexo e completamente diferente do de um mamífero | gil menda/cornell university
A aranha saltadora possui um sistema visual complexo e completamente diferente do de um mamífero (Foto: gil menda/cornell university)

As aranhas são hidráulicas.

Ou seja, a parte interna do seu corpo fica sempre sob pressão e, para se mover, elas empurram fluidos por válvulas.

Esse sistema funciona bem para as aranhas, mas não tão bem para quem quer estudar o que se passa no cérebro de uma aranha saltadora (ou aranha papa-moscas). Isso porque, se você inserir um eletrodo no cérebro dela, o que está lá dentro pode se esguichar para fora.

O professor de neurobiologia Ronald R. Hoy, da Universidade Cornell, em Ithaca, Nova York, acredita que a aranha saltadora é um dos mais inteligentes animais de todos os invertebrados.

Hoy queria estudar as papa-moscas porque elas diferem muito da maioria das aranhas. Elas não ficam paradas em uma teia à espera que presas se enredem. As aranhas saltadoras buscam suas presas, as perseguem e saltam sobre elas. "Basicamente, agem como gatos", disse Hoy.

E elas fazem tudo isso contando com um cérebro do tamanho de uma semente de papoula e de um sistema visual completamente diferente do de um mamífero: dois olhos grandes dedicados à visão em alta resolução e seis olhos menores que captam movimento.

Hoy reuniu quatro estudantes de pós-graduação em diversas disciplinas para resolver o problema de como registrar a atividade no cérebro de uma aranha saltadora quando ela vê algo interessante —uma façanha que até agora ninguém tinha conseguido realizar.

Eles não apenas conseguiram registrar a atividade cerebral da aranha, como descobriram que um neurônio parece integrar as informações vindas dos dois conjuntos independentes de olhos da aranha, um cálculo que se poderia imaginar que exigisse uma rede de neurônios.

Gil Menda, o primeiro autor do artigo publicado na "Current Biology", colaborou com Paul S. Shamble, Eyal I. Nitzany, James R. Golden e Ronald Hoy, todos coautores, na idealização e realização do experimento.

O grupo usou uma impressora em 3D para criar uma estrutura sólida na qual conter a aranha e então inseriu um arame metálico ultrafino em seu cérebro minúsculo. O aparato e a técnica permitiram que fizessem um furo suficientemente pequeno para que sarasse rapidamente, mantendo o cérebro intacto e impedindo que ele saísse do corpo do inseto.

Então mostraram à aranha imagens de presas e de outras aranhas, que atraíram seu interesse. Usaram análises computadorizadas para estudar a atividade elétrica cerebral captada pelo arame.

Hoy disse que a pesquisa abriu novas possibilidades de estudo do cérebro de aranhas e sugeriu uma eficiência de computação cerebral que sem dúvida suscitará o interesse de especialistas em robótica e inteligência artificial.

Porém, no prazo mais imediato, ele só pode dizer que trabalhar em um projeto interdisciplinar foi muito interessante.

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