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Emmanuelle Charpentier, da França, e Jennifer A. Doudna, dos Estados Unidos, foram as vencedoras do Nobel de Química 2020, anunciou a Academia Real de Ciências da Suécia nesta quarta-feira (7). Em 2012 as pesquisadoras desenvolveram um método de edição de genes conhecido como Crisp/Cas9, com o qual é possível alterar o DNA de animais, plantas e microorganismos com extrema precisão.
"Há um poder enorme nessa ferramenta genética, que afeta a todos nós. Não só revolucionou a ciência básica, mas também resultou em safras inovadoras e levará a novos tratamentos médicos inovadores", disse Claes Gustafsson, presidente do Comitê Nobel de Química.
A descoberta sobre as "tesouras genéticas" começou quando Emmanuelle Charpentier estudava sobre o Streptococcus pyogenes, uma das bactérias que mais causam danos à humanidade. Ela encontrou uma molécula até então desconhecida, o tracrRNA, que faz parte do antigo sistema imunológico da bactéria, Crispr/Cas, que desarma os vírus ao clivar seu DNA.
Charpentier publicou sua descoberta em 2011 e no mesmo ano iniciou uma colaboração com Jennifer Doudna, bioquímica com vasto conhecimento de RNA. Juntas, elas conseguiram recriar a tesoura genética da bactéria em um tubo de ensaio. Elas também provaram que era possível cortar qualquer molécula de DNA em um local predeterminado.
A partir desta descoberta, houve um avanço nas pesquisas sobre modificação genética de plantas, por exemplo, tornando possível o desenvolvimento de safras que resistem a mofo, pragas e seca. Na medicina, ensaios clínicos de novas terapias contra o câncer estão em andamento e a cura para doenças hereditárias está prestes a se tornar realidade.
"Essas tesouras genéticas levaram as ciências da vida a uma nova época e, de muitas maneiras, estão trazendo os maiores benefícios para a humanidade", conclui a Academia Real de Ciências da Suécia.
Charpentier e Doudna ganharam um prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1 milhão), que será divido igualmente.