San Salvador - Em um ambiente dominado pela tensão, depois de violentos confrontos entre militantes de direita e de esquerda, começaram ontem as eleições para presidente e vice-presidente de El Salvador.
O presidente do tribunal eleitoral local, Walter Araújo, inaugurou a jornada em um ato oficial no oeste do país, às 7 h (10 h no horário de Brasília). Em alguns pontos, porém, houve atraso em virtude da chuva que atinge vários municípios.
Segundo os últimos levantamentos, pela primeira vez o partido de esquerda (ex-guerrilha) Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) chega em primeiro lugar nas pesquisas. Seu candidato, o jornalista Mauricio Funes, de 49 anos, leva ligeira vantagem sobre o direitista Rodrigo Ávila, de 44 governante da Aliança Republicana Nacionalista (Arena). Os outros dois candidatos de partidos minoritários se retiraram da disputa. Para se eleger presidente, um dos candidatos deve receber 50% e mais um dos votos válidos.
A disputa coloca em conflito novamente rebeldes marxistas e a direita, que ocupa o poder no país há duas décadas. Confrontos armados entre militantes da direita e da esquerda deixaram várias pessoas feridas na capital San Salvador nos últimos dias, após uma campanha marcada pela troca de ofensas referentes à guerra civil que marcou o país.
Até o fechamento desta edição não haviam sido divulgados resultados preliminares das eleições.
Participação
O pleito deste ano promete ser marcado pela massiva participação popular.
"As últimas eleições presidenciais (realizadas em março de 2004), alcançaram uma participação cidadã de 67,34% do eleitorado. As expectativas para as eleições deste dia apontam que o fenômeno da concorrência vai se repetir, e não nos preparamos logisticamente para isto, assegurou o presidente do tribunal eleitoral.
Ao todo, cerca de 4,2 milhões de salvadorenhos foram convocados às urnas para escolher o sucessor do presidente Elías Antonio Saca.
"Eu venho votar pela minha pátria, venho de cadeira de rodas, mas tinha que vir votar", declarou a eleitora Clara de Meyer, de 80 anos, uma das primeiras a depositar seu voto para eleger o novo presidente, que irá governar o país pelos próximos cinco anos. "Eu me levantei às 5 horas da manhã e venho com muita vontade de participar desta festa cívica. Eu sempre voto", acrescentou Clara. Sua cadeira de rodas estava enfeitada com bandeiras da Arena, com a legenda "Pátria sim. Comunismo, não".