Pesquisas apontam o candidato laico, Beji Caid Essebsi, como vencedor das eleições presidenciais da Tunísia, cujo segundo turno foi realizado ontem. Estimativas citadas pela campanha do candidato apontam que ele conquistou entre 55,5% e 56,5% dos votos em comparação ao atual presidente em fim de mandato, Moncef Marzouki, que teria conseguido entre 43,9% e 45,5%. O resultado final é esperado entre hoje e amanhã.
As eleições presidenciais completam a transição do país à democracia plena quase quatro anos após o levante que depôs o autocrata Zine El-Abidine Ben Ali, em 2011, durante a onda de protestos de rua que deu origem à Primavera Árabe. Pela primeira vez os tunisianos votaram de forma livre entre dois candidatos à presidência do país para os próximos cinco anos.
Milhares de cidadãos começaram a festejar antecipadamente o triunfo de Essebsi, e foi possível ouvir sons de buzinas de carros por todas as ruas do centro e dos bairros periféricos da capital.
Embora não tenha desmentido a derrota, o diretor de campanha de Marzouki declarou que a diferença entre os candidatos não corresponde ao anunciado pelos seus rivais e denunciou "várias infrações eleitorais" que, segundo ele, foram cometidas durante o segundo turno.
Realizado sob forte presença policial, o pleito ocorreu sem grandes incidentes.
Histórico
Essebsi, de 88 anos, foi presidente do parlamento durante o governo de Ben Ali, do qual também foi ministro do Interior e das Relações Exteriores. Ele conquistou 39% dos votos no primeiro turno, em novembro, contra 33% de Marzouki. O Nidá Tunis, partido fundado por Essebsi, venceu as eleições legislativas realizadas em 26 de outubro, com 86 cadeiras frente às 69 do partido islamita Al-Nahda.
Com uma nova constituição e uma eleição completa do Parlamento em outubro, a Tunísia é tida como exemplo de mudança democrática na região, que ainda luta para lidar com o rescaldo das revoltas da Primavera Árabe. A nação africana conseguiu evitar as divisões pós-revolta vistas na Líbia e no Egito, mas as eleições de ontem expuseram o abismo entre um ex-funcionário de Ben Ali e outro candidato que clama para si o legado da revolução de 2011.
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