Trabalhos pioneiros sobre o sistema imunológico renderam ao norte-americano Bruce Beutler, ao francês Jules Hoffmann e ao canadense Ralph Steinman o Prêmio Nobel de Medicina de 2011, divulgado ontem pela manhã.
Pouco depois do anúncio dos escolhidos, a Fundação Nobel informou que vai manter a escolha do canadense Steinman, morto na última sexta-feira aos 68 anos. Em 1974, foi instituída a regra de que o Nobel não ofereceria prêmios póstumos. A morte de Steinman, vítima de um câncer no pâncreas diagnosticado há quatro anos, foi tornada pública ontem pela Universidade Rockefeller, onde o pesquisador trabalhava.
Beutler e Hoffmann estudaram as primeiras respostas do organismo a um ataque, enquanto Steinman descobriu nos anos 70 as células dendríticas, importantes para compreender a próxima linha de defesa do corpo.
Com a decisão da fundação, o espólio de Steinman ficará com metade das 10 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,5 milhão) que acompanham o prêmio, com Beutler e Hoffmann dividindo a outra metade do dinheiro.
"Os ganhadores do Nobel deste ano revolucionaram nossa compreensão do sistema imunológico ao descobrirem princípios- chave para sua ativação", justificou o comitê da premiação no Instituto Karolinska, na Suécia.
O trabalho dos três cientistas foi fundamental no desenvolvimento de vacinas mais eficientes contra infecções e novas abordagens na luta contra o câncer, em que traçaram o caminho para o desenvolvimento de uma leva de "vacinas terapêuticas" que estimulam o sistema imunológico a atacar os tumores.
Ainda de acordo com a Universidade Rockefeller, foi justamente a própria pesquisa que deu a Steinman uma sobrevida maior que a esperada. "Ele foi diagnosticado com câncer no pâncreas há quatro anos e sua vida foi prolongada usando uma terapia com células dendríticas de sua própria criação", destacou a instituição.
A melhor compreensão do funcionamento das defesas do organismo também permitiu o desenvolvimento de tratamentos para doenças inflamatórias como a artrite reumatóide em que componentes do sistema imunológico atacam tecidos do próprio corpo.
Beutler e Hoffmann descobriram nos anos 1990 que proteínas receptoras atuam como primeira linha de defesa do corpo humano, numa imunidade inata, ao reconhecerem bactérias e outros micro-organismos invasores. Já Steinman explicou como, se necessário, as células dendríticas, parte do sistema imunológico adaptativo posterior, são lançadas ao ataque contra infecções que superem esta primeira barreira.