A cinco dias da eleição geral, a Alemanha parece rumar para seu primeiro governo de uma "grande coalizão" desde os anos 60, unindo conservadores e esquerdistas. Muitos alemães festejam a idéia, mas os mercados temem que isso empurre o país para um impasse.
Novas pesquisas divulgadas nesta terça-feira pela TNS Emnid e pelo instituto Allensbach mostraram que a líder conservadora Angela Merkel conseguiu interromper a tendência de queda que já durava uma semana e lançou dúvidas sobre sua campanha para tornar-se a primeira chanceler (chefe de governo) da Alemanha.
Mas as pesquisas também confirmaram o que tem ficado cada vez mais claro nos últimos dias: Merkel, se vencer, será que lutar para formar uma coalizão apenas com os aliados preferenciais (os liberais democratas) e poderá ser forçada a uma aliança com os sociais democratas (SPD), do chanceler Gerhard Schroeder, que também está firme na disputa.
A Alemanha teve apenas uma "grande coalizão" entre seus maiores partidos no pós-guerra: o governo chefiado pelo cristão democrata Kurt-Georg Kiesinger, de 1966 a 1969.
Schroeder descartou a participação num governo de coalizão com os conservadores, que, salvo uma virada dramática nas pesquisas, será chefiado por Merkel. Mas líderes moderados de seu partido parecem, pela primeira vez, que estão se preparando para uma aliança com o CDU de Merkel, se ela vencer mas não alcançar maioria no Parlamento apenas com ajuda dos liberais democratas.
Peer Steinbrueck, do SPD, ex-premier de Nord Rhine-Westphalia, maior estado da Alemanha, disse que uma cooperação entre partidos poderia ser boa para áreas como previdência, saúde pública e reformas da estrutura federal.
Kurt Beck, premier moderado de Rhineland-Palatinate, também do SPD, fez eco a Steinbrueck, dizendo que todos os partidos deveriam decidir pela formação de "um governo responsável" com base no resultado da eleição de domingo.
Como Schroeder, Merkel tem rejeitado a idéia de uma grande coalizão, uma solução a que muitos alemães são favoráveis.
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