O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva| Foto: EFE/ Andre Borges
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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, lançou duras críticas ao Ministério Público do país nesta quinta-feira (17) alegando que a instituição permitiu a fuga para o Brasil de indivíduos implicados no escândalo de corrupção relacionado à construção da rodovia Ruta del Sol II pela empreiteira Odebrecht. As declarações foram feitas durante o primeiro Congresso Internacional sobre a Luta contra a Corrupção e a Recuperação de seus Ativos, realizado em Bogotá, capital do país.

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Petro alega que a inação do Ministério Público possibilitou a fuga desses indivíduos para o Brasil, onde acordos de colaboração com a justiça colombiana não seriam aplicáveis. Isso teria permitido que os envolvidos evitassem enfrentar as exigências do sistema judiciário colombiano e se recusassem a cooperar com as investigações.

"Não foi porque eles fugiram a tempo, foi porque o próprio Ministério Público permitiu que eles fossem embora, e sabendo que, se fossem para o Brasil, não haveria acordos de colaboração que eram necessários na época", disse o presidente colombiano

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"Depois disso, eles não eram mais extraditáveis, podiam facilmente evitar pagar as exigências do sistema judiciário colombiano e, acima de tudo, não precisavam falar", acrescentou.

O caso em questão envolve a construção da rodovia Ruta del Sol II pela Odebrecht e as alegações de propinas pagas para obtenção do contrato. Recentemente, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA acusou o Grupo Aval, conglomerado bancário de propriedade de Luis Carlos Sarmiento Angulo, de violar a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA), em relação ao caso.

O Grupo Aval concordou em pagar uma multa de US$ 40 milhões para encerrar as acusações, enquanto a Corficolombiana, empresa ligada ao conglomerado, aceitou um acordo que envolve o pagamento de US$ 20 milhões.

Ainda nesta quinta-feira, o Ministério Público colombiano anunciou que acusará mais de 50 pessoas, incluindo 33 funcionários e ex-funcionários da Agência Nacional de Infraestrutura da Colômbia (ANI), bem como o empresário brasileiro Marcelo Odebrecht, por supostas irregularidades no contrato da rodovia Ruta del Sol II. Essas acusações envolvem crimes como conspiração criminosa e lavagem de dinheiro.

Além disso, a promotoria revelou que as campanhas eleitorais do ex-presidente Juan Manuel Santos (2010-2018), nas eleições de 2010 e 2014 receberam pagamentos ilegais da construtora Odebrecht.

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O Ministério Público afirmou que as contribuições ilegais somam mais de 3,5 bilhões de pesos (cerca de US$ 881 mil) para a campanha de Santos e mais de 3 bilhões de pesos (cerca de US$ 740 mil) para a campanha de Óscar Iván Zuluaga, que foi candidato a presidente pelo partido Centro Democrático em 2014.

As acusações apontam que Zuluaga teria aceitado essas contribuições ilegais da Odebrecht durante sua campanha presidencial em 2014. O político e seu filho enfrentam agora acusações de falsificação de documento particular, fraude processual e enriquecimento ilícito de particulares. (Com Agência EFE)

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]