O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, informou nesta quarta-feira (24) que propôs aos Estados Unidos uma mudança na política de drogas para que os traficantes que cooperam com o Estado e não reincidem não sejam extraditados para o território americano, mesmo que sejam requisitados sob acusação de tráfico de droga.
O chefe de Estado se expressou em declaração conjunta com o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, que está de visita à Colômbia, ao explicar as medidas para alcançar a paz total.
“Com o governo dos EUA, ontem, dissemos que entre os quatro pontos que lhes propusemos para mudar as políticas no âmbito das drogas, o primeiro ponto tem a ver com a extradição”, revelou o mandatário.
Petro apontou que foi proposto à delegação dos EUA que “os traficantes de drogas que não negociarem com o Estado serão extraditados, e os traficantes que negociarem com o Estado e reincidirem serão extraditados sem qualquer tipo de negociação com os EUA”.
Contudo, “um traficante de drogas que negocie benefícios jurídicos com o Estado colombiano e deixa de ser traficante não será extraditado”, acrescentou.
Uma delegação dos EUA, liderada pelo diretor do Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca, Rahul Gupta, visitou a Colômbia e realizou reuniões com Petro e vários ministros sobre questões como a crise climática, o desenvolvimento rural e o problema das drogas, que são pontos fundamentais da nova agenda bilateral.
O presidente colombiano não quis revelar o resto dos pontos propostos, mas enfatizou que as conversas nos EUA continuarão para reformular uma política de drogas que Petro afirma ter sido “um fracasso”.
Petro iniciou uma política que vai desde a retomada das negociações com os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) até negociações com outros grupos, mas que também envolve outros tipos de ação.
“Demos ordens para dar fim a uma política que me parece absolutamente negativa em relação às drogas, que é fumigar os camponeses, se impor sobre camponeses, erradicar cultivos à força”, disse o presidente nesta quarta-feira.
Outro objetivo é “reviver o Programa Nacional Integral para a Substituição de Cultivos Ilícitos” a fim de intensificar o diálogo “entre o Estado e os camponeses produtores de folha de coca da Colômbia, que são os mais marginalizados geograficamente no país”.
Desta forma, o governo espera “construir alternativas de substituição de cultivos que incluam a substituição de terras, que ofereçam processos de agroindustrialização para novos cultivos”.
Extradição na Colômbia
Para frear o avanço das drogas, os dois países assinaram um Tratado de Extradição em 1979, durante os governos de Julio César Turbay e Jimmy Carter, que a Colômbia começou a aplicar em 1987, sob a presidência de Virgilio Barco (1986-1990).
Em resposta, os líderes do tráfico criaram o grupo Los Extraditables, que incluía Pablo Escobar e seis outros membros do Cartel de Medellín e cujo lema era: “Preferimos uma sepultura na Colômbia a uma prisão nos Estados Unidos”.
O primeiro capo extraditado foi Carlos Lehder Rivas, em fevereiro de 1987. Desde então, mais de mil colombianos foram entregues à Justiça americana por tráfico de drogas e crimes relacionados.
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