Brasília A Petrobrás cogita deixar completamente o setor de refino na Bolívia caso a nacionalização dos hidrocarbonetos, anunciada há 15 dias, inviabilize a obtenção de lucros, disse ontem o presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli. Diante da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado brasileiro, ele argumentou que a nacionalização pode tornar os investimentos inviáveis.
Atualmente a Petrobrás possui duas refinarias no território boliviano, a de Cochabamba e Santa Cruz, que abastecem todo o mercado boliviano de derivados. Os combustíveis são produzidos a partir do processamento de um líquido conhecido como condensado, que é extraído juntamente com o gás natural do subsolo.
Gabrielli diz temer falta de condições operacionais para as refinarias que estão passando para o controle da estatal boliviana YPFB. Mesmo que se retire da Bolívia, a empresa deve seguir seu plano de expansão na América do Sul. Ontem mesmo, firmou um contrato com o Peru para a exploração de petróleo e gás e disse não temer que o próximo governo peruano nacionalize o setor. A Petrobrás busca petróleo e gás no norte do Peru. Os investimentos serão de pelo menos US$ 35 milhões, de acordo com autoridades locais.
O presidente da Petrobrás reiterou ontem, em Brasília, que o processo de tomada de controle das refinarias pelo governo boliviano "tem de ser precedido de uma indenização prévia e justa". O gás natural pode ser usado como moeda para indenizar a Petrobrás pela estatização de suas refinarias instaladas na Bolívia. A proposta teria sido feita pelo ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, André Soliz Rada.
O ministro brasileiro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse ao Senado que a Petrobrás pagará o imposto de 82% cobrado pela Bolívia sobre os hidrocarbonetos, até que se encerrem as negociações a respeito da nova alíquota. A tributação subiu de 18% para 50% no ano passado.
Independentemente do resultado das negociações, o preço do gás natural comprado da Bolívia pelo Brasil aumenta em julho. O aumento é resultado da aplicação do contrato em vigor entre as duas empresas, que prevê reajustes trimestrais. Técnicos do governo brasileiro avaliam que haverá aumento significativo. O reajuste contratual não ultrapassaria 10%, ou cerca de US$ 0,40, considerando o preço médio atual do milhão de BTU (British Termal Unit, medida de energia). A Bolívia cobra US$ 3,26 por BTU e quer US$ 2 de aumento.
O governo argentino teve ontem a mesma reação que o brasileira há duas semanas: garantiu que não elevará o preço do gás para o consumo doméstico. A Argentina, que exportava gás natural na década passada, se obrigou a importar gás da Bolívia e reduzir as remessas para o Chile. Buenos Aires espera que o preço imposto por La Paz não passe de US$ 5,5 por BTU.
Hugo Motta troca apoio por poder e cargos na corrida pela presidência da Câmara
Eduardo Bolsonaro diz que Trump fará STF ficar “menos confortável para perseguições”
MST reclama de lentidão de Lula por mais assentamentos. E, veja só, ministro dá razão
Inflação e queda do poder de compra custaram eleição dos democratas e também racham o PT