Rio de Janeiro O diretor de gás e energia da Petrobras, Ildo Sauer, disse ontem que pretende iniciar as importações de gás natural liquefeito (GNL) em até 30 meses. A empresa já abriu negociações com possíveis fornecedores e procura a tecnologia mais adequada para o mercado brasileiro.
As importações de GNL foram aprovadas pela direção da estatal no mês passado, como uma maneira de reduzir a dependência do gás da Bolívia. A tecnologia do GNL consiste em liquefazer o gás natural a baixíssimas temperaturas, permitindo o transporte do combustível em navios construídos especialmente para esse fim. Assim é possível buscar fornecedores em qualquer parte do planeta, reduzindo a exposição do país a apenas um fornecedor internacional.
A Petrobrás terá que instalar centros de regaseificação próximos aos mercados consumidores do combustível. Inicialmente, a empresa estuda a instalação de pontos no Nordeste e no Sudeste. De acordo com estimativas do mercado, a construção de um planta de regaseificação de GNL pode levar até 3 anos. A estatal tem a opção, porém, de alugar um navio regaseificador no mercado. "O problema é que o mercado está aquecido e está difícil encontrar equipamentos disponíveis", ressalva o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura. Na América Latina, o único fornecedor de GNL é Trinidad e Tobago, mas há opções na costa oeste da África.
O governo anunciou ontem que redobrará seus esforços para diversificar as fontes de energia do Brasil e pôr fim à situação de dependência em relação ao gás boliviano. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que deu instruções ao ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e ao presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, de "trabalhar para que o Brasil seja independente". "O Brasil não pode ficar dependendo de nenhum país quando se tratar de uma questão energética importante para o desenvolvimento. Nós temos condições de trabalhar nisso", afirmou Lula. O presidente disse ainda que seu governo está investindo em fontes de "energia alternativa, biomassa e agroenergia".