Os pilotos da companhia aérea alemã Lufthansa concordaram em suspender por duas semanas uma greve que levou ao cancelamento de cerca de 900 voos nesta segunda-feira, enquanto tripulantes da concorrente British Airways decidiram parar em protesto aos cortes de gastos na empresa.
A greve da Lufthansa envolvia em torno de 4.000 pilotos e deveria durar quatro dias, causando caos e retendo milhares de passageiros no mundo todo. Os pilotos temem a perda de seus empregos se a empresa decidir transferir vagas para unidades estrangeiras.
Em uma audiência convocada às pressas, o sindicato Vereinigung Cockpit (VC) concordou no final desta segunda-feira em suspender a greve até 8 de março para que as partes tenham mais tempo para retomar as negociações.
"O VC disse que está disposto a retomar as negociações", disse o representante sindical Thomas von Sturm. A Lufthansa saudou a decisão, mas informou que levará alguns dias para que suas operações e voos voltem ao normal.
O setor aéreo acaba de viver o pior ano de sua história, e os empregados estão cada vez mais impacientes com a pressão dos patrões para apertar os cintos.
"Gostaríamos de chegar em casa depois de um voo tão longo", disse Brawn van Mulheim, passageiro da Lufthansa retido em Munique numa conexão na viagem Nova York-Bruxelas.
As grandes empresas aéreas da Europa vêm tentando cortar custos enquanto perdem mercado para concorrentes que oferecem voos mais baratos, como Ryanair e EasyJet. A Lufthansa, por exemplo, pretende reduzir seu orçamento em 1 bilhão de euros (1,36 bilhão de dólares) até 2011.
Em setembro, a empresa completou uma série de aquisições, com a adesão da Brussels Airlines, da Austrian Airlines e da BMI entre seus parceiros estáveis, além de lançar a Lufthansa Italia.
Os pilotos aceitariam abrir mão de aumentos salariais se tivessem controle parcial sobre quais rotas ou postos de trabalho seriam transferidos para as outras empresas do grupo. A direção rejeitou essa proposta, alegando que equivaleria a entregar ao sindicato uma parte importante da sua estratégia de negócios.
No caso da British Airways, a empresa espera que três quartos dos seus tripulantes aceitem um congelamento de salários neste ano, e que 3.000 passem a um regime de meio período. Além disso, voos de longo curso partindo de Heathrow (Londres) teriam sua tripulação reduzida de 15 para 14.
Os funcionários da British já haviam tentado fazer uma greve de 12 dias durante o Natal, mas que foi proibida pela Justiça. O sindicato da categoria disse que ainda não há data para a greve, mas prometeu não parar a empresa durante o feriado da Páscoa, no começo de abril.
A British disse que a greve é "completamente injustificada" e prometeu que "não permitirá que o (sindicato) Unite arruíne esta empresa".
Controladores de voo franceses iniciam greve de 4 dias
Centenas de voos dos dois maiores aeroportos de Paris serão cancelados na terça-feira, início de uma greve de quatro dias dos controladores de voo. A autoridade da aviação civil francesa, ou DGAC, ordenou que as empresas aéreas cancelem 50% dos voos para Orly e 25% dos voos para o Charles de Gaulle.
A Air France disse que vai manter todos os seus voos de grandes distâncias durante a greve e que o protesto contra o governo vai afetar apenas suas rotas dentro da França e da Europa.
O sindicato dos aeroportos franceses disse nesta segunda-feira que alguns aeroportos em cidades menores, dentre elas Pau, Biarritz, Grenoble, La Rochelle e Chambery, ficarão fechados durante a greve.
Cinco sindicatos de controladores de tráfego convocaram uma greve de quatro dias para protestar contra as condições do plano para se integrarem aos controle de tráfego europeu. Os trabalhadores franceses temem que isso signifique a perda de empregos e de benefícios dos funcionários públicos.
Durante uma greve semelhante no mês passado, metade dos voos do aeroporto de Orly e 15% dos voos do Charles de Gaulle foram cancelados. Outros aeroportos franceses também registraram cancelamentos.
Passam pelo aeroporto Charles de Gaulle cerca de 1.000 voos e 200 mil passageiros por dia. Em Orly, são cerca de 300 voos e até 100 mil passageiros, segundo funcionários dos aeroportos.
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