Quando o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, receber hoje, na sede do Congresso, em Valparaíso, a faixa presidencial das mãos do presidente do Senado, Jorge Pizarro, não estará dando início apenas ao primeiro governo de direita depois de 20 anos de hegemonia da esquerda.
Ele assumirá também o desafio de reerguer uma das economias mais promissoras da América Latina e restaurar o tecido social de um país abalado pelo quinto pior terremoto já registrado no mundo, que, há dez dias, deixou quase 500 mortos e centenas de desabrigados.
A mudança de eixo político e o abalo nas estruturas físicas do Chile mostram a dimensão dos desafios do novo presidente. Estima-se que a reconstrução dure até quatro anos, exigindo do novo governo habilidade para costurar acordos com a oposição, que dominará metade do Congresso e terá a presidência do Senado.
Piñera vem repetindo com insistência seu plano de formar um "governo de unidade". Mas, embora a comoção causada pelo terremoto do dia 27 favoreça uma aproximação com a esquerda, setores mais radicais da coalizão governista, a Concertação, vem demonstrando ressentimento com as críticas que Piñera fez a Bachelet. A principal delas é de que o governo demorou ao enviar militares para as zonas mais afetadas.
"O importante é se era necessário ou não pedir ajuda às Forças Armadas. Eu acredito que, sim, era necessário e, nisso (na relutância de Bachelet), perdemos 48 horas", disse Piñera. A crítica fez com que funcionários que ocupam cargos de confiança nas duas regiões mais afetadas pela tragédia - Maule e Biobío - resistam em continuar em seus cargos a partir de hoje.
Piñera já anunciou que sua primeira medida como presidente será alterar o orçamento para 2010, melhorar o sistema de alerta de tsunamis, criar regras que facilitem e estimulem doações privadas para a reconstrução do país e estimular os setores da economia que foram mais atingidos pela catástrofe.
Deixe sua opinião