O Chile anunciou ontem uma reforma nos impostos pagos por grandes empresas e pelos setores de mineração e tabaco para financiar a reconstrução do país após o terremoto de 27 de fevereiro, o que será acompanhado pela emissão de bônus e a venda de patrimônio, entre outras medidas. Em discurso na cidade de Coronel (sul), uma das mais devastadas pelo terremoto e pelo subsequente maremoto, o presidente Sebastián Piñera anunciou um plano que supera US$ 8,4 bilhões nos próximos quatro anos.
"Este plano de reconstrução vai levar quatro anos e vai ser, junto com o cumprimento do nosso programa de governo, as duas grandes tarefas e desafios que vamos enfrentar durante nosso governo", disse Piñera, que tomou posse dias depois do sismo. Ele disse que o esperado crescimento econômico do Chile vai assegurar "um aporte permanente e saudável" de recursos públicos da ordem de US$ 2,4 bilhões adicionais por ano. Segundo ele, só a tributação das mineradoras já gerará uma arrecadação próxima de US$ 700 milhões.
Mais tarde, porém, o ministro da Fazenda, Felipe Larraín, afirmou que a nova taxa será variável e voluntária. O ministro da Mineração, Laurence Golborne, previu que a maioria das empresas do setor aceitará o novo esquema tributário do Chile, maior produtor mundial de cobre.
O presidente, dono de uma fortuna pessoal de US$ 2 bilhões, disse que elevará de 17 para 20 por cento, de forma transitória, o imposto sobre os lucros das grandes empresas, com uma arrecadação adicional de US$ 1,26 bilhão. "O aumento dos impostos daqueles setores que têm mais (...) vai se traduzir em um aumento transitório no imposto de primeira categoria para as empresas do nosso país, que vai subir 3 pontos durante 2011 e 1,5 ponto durante 2012", disse Piñera.
Já o imposto sobre o tabaco terá uma elevação definitiva, de 60 para 67 por cento, o que significaria uma arrecadação adicional de cerca de US$ 990 milhões em quatro anos.
Piñera disse ainda que o Chile voltará ao mercado da dívida internacional para financiar a reconstrução do país, com a emissão de títulos soberanos, provavelmente de dez anos, embora também se cogite o lançamento de títulos no mercado interno.
Outra proposta apresentada por ele foi a venda de ativos prescindíveis, como uma participação minoritária do governo na elétrica Edelnor e na Aguas Andinas, maior empresa de abastecimento de água do país.
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