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Eleições no Chile

Piñera e Frei travam disputa acirrada

Candidatos enfrentam segundo turno do pleito presidencial com margem apertada de votos. Pesquisa do Instituto Mori aponta empate técnico

Sebastián Piñera, 60 anos | Eliseo Fernandez/Reuters
Sebastián Piñera, 60 anos (Foto: Eliseo Fernandez/Reuters)
Eduardo Frei, 67 anos |

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Eduardo Frei, 67 anos

O segundo turno das eleições presidenciais chilenas ocorre hoje, em um quadro que não pode ser descrito de outra maneira a não ser como indefinido. O magnata de direita Sebastián Pi­­ñera saiu à frente na disputa, mas viu seu rival, o ex-presidente Eduardo Frei, da situação, encostar e embolar a disputa nos instantes finais.

Piñera liderava com mais folga nas pesquisas, mas na última semana da campanha recebeu duas notícias ruins. Primeiro, o terceiro colocado no primeiro turno, o independente Marco Enríquez-Ominami, anunciou seu apoio a Frei, o que pode resultar em votos cruciais para os governistas. Na quarta-feira, uma pesquisa do Instituto Mori apontou uma situação de empate técnico: a sondagem registrou Piñera à frente, com 51%, seguido de perto por Frei, com 49%. A pesquisa tem 3 pontos percentuais de margem de erro, configurando o empate técnico. "O novo presidente terá de continuar com a política dos acordos como tem sido até agora", prevê o cientista político Clau­­dio Fuentes, da Universi­­dade Diego Portales. "Creio que ele vá encontrar um Congresso em que nenhuma das forças é maioria e, portanto, estará obrigado a negociar", avalia.

Os rivais disputam quem será o substituto da presidente Mi­­chelle Bachelet, que em seus últimos meses na liderança do país ostenta ótimos índices de aprovação. Bachelet aparentemente não teve tanto sucesso, porém, na transferência de sua popularidade para o candidato da Con­­certação, que é Frei.

Mudança

A novidade destas eleições sem dúvida é Piñera. O magnata, respaldado pelos mesmos partidos que deram apoio à ditadura do general Augusto Pinochet, obteve 44% no primeiro turno.

Em 2006, Piñera foi derrotado no segundo turno por Bachelet. Apresenta-se como o candidato da "mudança, do futuro, da esperança". Seu programa de governo inclui a criação de um milhão de empregos, a privatização de 20% da Codelco (a gigante estatal chilena do setor de cobre, maior produtora mundial do metal), a colocação de 10 mil policiais nas ruas, o incentivo às energias renováveis, além da melhoria na educação pública, sem deixar de lado o crescimento econômico.

Fadiga

Um país de 16 milhões de habitantes, o Chile ostenta alguns dos melhores indicadores econômicos e sociais da América Latina. Tendo o cobre como sua principal fonte de recursos, o país conseguiu, nos últimos 20 anos de democracia, reduzir a pobreza em 13,5%.

A desigualdade, porém, segue ainda forte no país, apesar do crescimento econômico.

Desde o fim da ditadura, o Chile é administrado pela Concertación. Os críticos afirmam, porém, que essa continuidade já dá sinais de cansaço e tem atrasado os avanços.

Para a situação, apenas a própria Concertación pode manter a trilha de prosperidade. "Quem garante esta vereda e quem ga­­rante a continuidade de meu governo é o senador Eduardo Frei", afirmou Bachelet na quarta-feira, em entrevista à rádio Cooperativa.

O fato de Frei já ter sido presidente, entre 1994 e 2000, não conta positivamente, é claro, pa­­ra os eleitores que querem mu­­dança. Por outro lado, o Chile sem dúvida avançou em vários aspectos durante o governo da Concertación. A opção entre a continuidade com Frei ou mu­­danças rumo a um ambiente mais liberal com Piñera é o que está em jogo hoje.

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