Presidente eleito mira Lei do Orçamento
O presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, confirmou ontem que enviará ao Congresso projeto para alterar a Lei do Orçamento. "Vamos ajustar o Orçamento de 2010 para a realidade e as demandas que o terremoto e o tsunami colocaram sobre nossos ombros", declarou Piñera a jornais e emissoras de tevê e rádio de Santiago.
A proposta do presidente eleito, entretanto, esbarra nos parlamentares. Para mudar a lei orçamentária ele terá de convencer os deputados e senadores de oposição a aprovarem as mudanças de forma emergencial.
As alterações que serão apresentadas ao Congresso estão sendo formuladas por uma equipe liderada pelo futuro ministro das Finanças, Felipe Larraín. O próximo governo está contando com a situação de tragédia para aprovar as mudanças.
Diário do Chile
As casas de Neruda
Célio Martins
O legado do poeta Pablo Neruda, prêmio Nobel de Literatura de 1971, não se resume a poemas e outros textos. Ele deixou também três casas, hoje museus. Em 1953 construiu sua casa em Santiago, apelidada de "La Chascona", para se encontrar clandestinamente, dizem os historiadores, com sua amante Matilde. As outras duas estão em Isla Negra e Valparaíso. Essa última (foto) era o seu retiro quando queria sair de Santiago. Fica em La Sebastiana, uma colina repleta de moradias humildes. Mesmo com o terremoto e o terreno íngreme, a construção está intacta. E de lá o visual da cidade e do mar é deslumbrante.
O presidente eleito Sebastián Piñera, que assume amanhã a Presidência do Chile, tem evitado dar detalhes de seu plano de recuperação do país. Mas todos os sinais dados pelo futuro governante mostram que ele corre contra o tempo para apresentar amanhã mesmo, logo após a posse, um plano para amenizar rapidamente os problemas mais graves causados pelo terremoto do último dia 27. Um desses sinais é a nomeação da equipe encarregada de trabalhar exclusivamente na reconstrução.
Entre os nomes confirmados pelo presidente eleito está o arquiteto Pablo Allard, que irá para o Ministério de Habitação. Doutor em urbanismo e professor da Universidade do Chile, Allard foi coordenador da Comissão Municipal de Habitação e Qualidade de Vida de Santiago.
O empresário Cristobal Lira Ibanez é outro nome da lista. Vindo da iniciativa privada, do setor de importação, Ibanez irá realizar a tarefa de coordenar as doações de instituições nacionais e internacionais para chegar ao país. Também foi chamado Francisco Irarrázaval, engenheiro e mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade de Harvard e um dos idealizadores do programa "Um teto para o Chile".
Os desafios de Piñera e sua equipe são enormes. O governo que está saindo apresentou um balanço preliminar dos danos causados pelo terremoto na área habitacional.
De acordo com o levantamento do Ministério de Habitação, há 23.248 residências danificadas somente nas regiões mais afetadas. Desse total, 6.378 apresentam danos graves e dificilmente poderão ser recuperadas.
Os números ainda estão longe de traçar uma radiografia do setor de habitação no país após o abalo sísmico. "Precisamos de uma análise mais rigorosa para tomar decisões", disse a ministra Patricia Poblete, que está deixando o cargo.
Na área de saúde, uma das mais sensíveis, os dados iniciais divulgados pelo governo relatam parcialmente o problema. Pelos cálculos do Ministério da Saúde serão necessários US$ 72 milhões para recuperar a rede hospitalar. O tempo para reconstruir os estabelecimentos de saúde é de 3 anos, segundo o ministério.
Os cálculos não incluem despesas com campanhas de saúde, como vacinação, e maior número de médicos e enfermeiros. O sistema de saúde do Chile, ainda de acordo com o governo, perdeu cerca de 3,5 mil leitos.
Na educação, os administradores das escolas foram encarregados de fazer os levantamentos das unidades e encaminhar para o ministério. O terremoto afetou também instituições de ensino superior e pesquisa.
No plano econômico, já estariam prontas medidas de austeridade, com a finalidade de gerar poupança para investir em áreas prioritárias. O novo governo também estuda a relocação de recursos para atender as demandas decorrentes do desastre sísmico.
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