Santiago O ex-ditador Augusto Pinochet, que governou o Chile com mão de ferro de 1973 a 1990, está sendo investigado pelo governo do Chile por um suposto depósito de mais de 9 toneladas de ouro em um banco de Hong Kong. O depósito teria um valor de US$ 160 milhões, segundo informou o jornal El Mercurio, mas outras fontes estimam esse valor em US$ 190 milhões, com base na cotação do ouro nos mercados internacionais. Por meio de seu advogado, Pinochet negou manter o depósito em Hong Kong e disse que, em matéria de ouro, só tem a aliança.
O ministro das Relações Exteriores chileno, Alejandro Foxley, confirmou nesta quarta-feira que a chancelaria recebeu "há vários dias" a informação de que o ex-ditador teria uma fortuna em lingotes de ouro e ordenou a investigação do caso. "Há vários dias recebemos uma informação de uma de nossas missões diplomáticas no exterior, mas não é uma informação oficial", disse o ministro. No entanto, ele considera que, dado o histórico de Pinochet, "a informação merece pelo menos ser levada a sério pelos tribunais".
Foxley explicou que os antecedentes já estão nas mãos dos tribunais de Justiça e do Conselho de Defesa do Estado, que estudam a possível aplicação de medidas cautelares para evitar que os depósitos sejam retirados. O juiz Juan González, que está conduzindo provisoriamente a investigação sobre enriquecimento ilícito do ex-ditador, advertiu sobre o possível saque do dinheiro. "Infelizmente, isto pode acontecer", disse o magistrado. Em agosto passado, o processo financeiro contra Pinochet foi interrompido e, conseqüentemente, o embargo que pesava sobre todos os bens e contas secretas do ex-ditador. O Conselho de Defesa do Estado (CDE), uma espécie de promotoria que assessora o governo da presidente Michelle Bachelet, pediu para os tribunais restabelecerem o embargo sobre os bens de Pinochet até que se esclareça a versão sobre o depósito em Hong Kong.
O advogado Pablo Rodríguez, chefe da equipe jurídica que defende Pinochet, disse, ao se referir à existência de um depósito de ouro em Hong Kong, que o fato "é completa, total e absolutamente falso". Em Hong Kong, autoridades monetárias indicaram que iniciarão uma investigação, embora até ontem não houvesse detalhes sobre a descoberta.
Antecedentes
A descoberta, se confirmada, se soma às mais de 100 contas bancárias secretas encontradas há dois anos no nome do ex-ditador e de sua família, no Riggs Bank de Washington e outras instituições, com mais de US$ 27 milhões. Até agora a investigação judicial determinou que Pinochet e sua família arquitetaram uma complexa trama financeira para ocultar sua fortuna no exterior, que incluiu o uso de passaportes e nomes falsos. Essas operações permitiram um enriquecimento ilícito derivado de sucessivas fraudes contra o fisco e malversação de fundos públicos durante sua ditadura, segundo os antecedentes do processo. Na investigação, também aparecem mencionados como fontes de financiamento o tráfico de armas e o narcotráfico. Por conta desse caso, Pinochet perdeu há 11 meses o foro que o protegia como ex-presidente, foi processado e cumpriu sete semanas de pena em prisão domiciliar entre novembro e janeiro passado.
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