Peshawar - A explosão de um carro-bomba num mercado de Peshawar, no noroeste do Paquistão, matou ontem pelo menos cem pessoas, a maioria mulheres e crianças, no maior atentado no país desde 2007. O ataque coincide ainda com a primeira visita da secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
As mortes elevam para cerca de 270 os mortos em ações terroristas desde o começo deste mês, quando o ataque a uma missão da ONU em Islamabad sinalizou o início da nova onda de atentados no país atribuída à insurgência ligada ao Taleban.
A nova ação terrorista ocorre apenas 11 dias após o início da nova fase da ofensiva militar do Paquistão contra bastiões insurgentes na região fronteiriça com o Afeganistão, de onde são lançados ataques contra tropas da missão ocidental no vizinho.
A detonação do carro-bomba provocou o desmoronamento de prédios, incluindo uma mesquita, e destruiu completamente estabelecimentos do popular Mina Bazaar, mercado comumente frequentado por mulheres e crianças que, estima-se, perfaçam dois terços das vítimas. Os feridos chegam a 160.
Peshawar, a principal cidade do conflagrado noroeste paquistanês, já fora alvo de um atentado com 49 mortos no dia 9. Na região, ficam o vale do Swat, palco de intensos combates entre militares e insurgentes nos últimos meses e agora sob relativo controle de Islamabad e o Waziristão do Sul alvo da nova ação iniciada no dia 17, que já soma 264 militantes e 33 soldados mortos, segundo militares.
A ação contra o mercado foi a pior desde o atentado em meio ao retorno da premier paquistanesa Benazir Bhutto (1988-90 e 1993-96) do exílio, em outubro de 2007. Bhutto foi assassinada apenas dois meses depois.
Hillary
O atentado de ontem ocorreu três horas depois da chegada de Hillary ao país. Momentos após o ataque, a chanceler manifestou solidariedade ao aliado no combate ao Taleban. "Essa luta não é só do Paquistão. Os extremistas estão comprometidos em destruir o que nos é caro. Então a luta é também nossa.
Ao lado de Hillary, o chanceler do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi, reiterou a disposição do país de lutar contra os insurgentes e, dirigindo-se aos terroristas, foi taxativo: "A nossa determinação não esmorecerá. Não seremos derrotados. Nós os combateremos.
A ofensiva do Paquistão é crucial para os planos do governo norte-americano de estabilizar o Afeganistão. A guerra travada no país foi tornada o foco do combate ao terrorismo pelo presidente Barack Obama, em detrimento do Iraque. A Casa Branca enviou "condolências ao país pelo ataque de ontem.