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Protesto

Após morte, mais 126 são presos

Das agências

Depois da morte de Orlando Zapata Tamayo e de protestos generalizados contra as prisões políticas em Cuba, ao menos 126 dissidentes, entre eles a blogueira Yoani Sánchez, foram detidos em meio a uma "onda repressiva", de acordo com organizações de direitos humanos. Tamayo trabalhava na construção civil quando foi detido em 2003, acusado de desacato à autoridade. Sua sentença foi ampliada, depois, por ativismo atrás das grades. No fim do ano passado, ele iniciou uma greve de fome em protesto contra o regime dos irmãos Castro, e morreu após 85 dias sem se alimentar, em 23 de fevereiro. A Anistia Internacional considerava Zapata como "prisioneiro de consciência". O presidente Lula, cuja visita à ilha coincidiu com a morte de Zapata, foi criticado por visitar presos.

O jornalista e dissidente cubano Guillermo Fariñas, em greve de fome há sete dias, perdeu a consciência ontem e chegou a ser hospitalizado, levantando temores de que seu caso tenha o mesmo desfecho que o de Orlando Za­­pata Tamayo, opositor detido pelo regime cubano que morreu em 23 de fevereiro, após 85 dias sem comer ou beber.

Fariñas, que afirmou estar disposto a morrer para honrar Zapata, foi reidratado e voltou para casa após ser liberado pelos médicos, em estado "muito fraco'', segundo sua mãe, que afirmou que ele continuará sua greve de fome. Já os outros quatro dissidentes que protestavam jun­­to com Fariñas interromperam a greve e voltaram a se alimentar.

O caso Zapata – considerado um "prisioneiro de consciência'' pela Anistia Internacional – ofuscou a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Cuba, no último dia 24, deu fôlego à comunidade dissidente na ilha e provocou repúdio de EUA e União Europeia, que cobram respeito aos direitos humanos e a libertação de presos políticos – Havana diz que os prisioneiros são culpados de crimes comuns.

Fariñas, 43 anos, já fez 23 greves de fome desde 1997. Ontem, ao jornal El País, ele disse que seus objetivos são que o governo cubano "pague um alto custo político pelo assassinato de Za­­pata, que libere os 26 presos políticos que estão doentes e que podem se converter em novos Zapatas e que, caso eu morra, o mundo perceba que o que ocorreu com Orlando Zapata não é um caso isolado''. Fariñas, no entanto, se disse pessimista e "sem esperança'' de mudanças por parte do regime cubano.

"O pedido de Fariñas é muito concreto: a liberação de entre 25 e 30 prisioneiros de consciência que estão mal de saúde. Mas o governo não deu nenhum sinal de que vai escutá-lo'', disse Eli­­zardo Sánchez, presidente da ile­­gal Comissão Nacional de Direi­­tos Humanos, segundo a qual há 200 prisioneiros políticos em Cuba.

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