Asilo
Informações confusas reforçam a situação obscura de Snowden
Por algumas horas parecia que a incerteza sobre o destino do ex-técnico da CIA Edward Snowden havia chegado ao fim: via Twitter, um senador russo disse que o americano havia aceitado a oferta de asilo feita pela Venezuela. Mas tudo não passou de uma confusão que só serviu para reforçar o limbo no qual se encontra o responsável pelo vazamento de vasto material sobre espionagem dos Estados Unidos.
O WikiLeaks veio a público, também pelo Twitter, para negar que Snowden a quem presta assessoria jurídica tinha aceitado formalmente a oferta venezuelana. "Os Estados envolvidos farão o anúncio se e quando o momento apropriado chegar. Então o anúncio será confirmado por nós", diz a mensagem do grupo liderado por Julian Assange.
O desmentido ocorreu depois que o deputado Alexei Pushkov, presidente da comissão de relações exteriores da Câmara Baixa russa, tuitou que Snowden havia aceitado o asilo na Venezuela. Instantes depois, entretanto, ele apagou a mensagem e publicou outra, na qual citava o site russo Rossiya 24 como origem da informação. O veículo, por sua vez, apontou Pushkov como fonte. A batalha de versões só foi encerrada com o posicionamento do WikiLeaks.
Em Brasília, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reafirmou que o Brasil não vai receber o ex-técnico da CIA. "Nós não responderemos à solicitação de asilo. Não será concedido", disse.
Agência O Globo
O governo federal decidiu ontem montar um grupo de trabalho com a participação de diferentes ministérios para ter um "diagnóstico preciso" sobre a interceptação de dados de brasileiros pelos EUA.
A ordem é fechar um relatório "o mais rápido possível", nas palavras do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), sobre as denúncias de espionagem para subsidiar as próximas ações do governo brasileiro.
"O grupo técnico vai trabalhar sob a ótica jurídica para termos uma avaliação sobre o que aconteceu, para que possamos ter um diagnóstico preciso", disse Cardozo.
A denúncia de que o Brasil foi alvo de espionagem com uso de satélite e diferentes programas de computadores foi tema de debate ontem numa reunião entre os ministros Cardozo (Justiça), Celso Amorim (Defesa), Paulo Bernardo (Comunicações), José Elito Siqueira (Gabinete de Segurança Institucional) e Antonio Patriota (Relações Exteriores).
Segundo o jornal O Globo, pelo menos até 2002, funcionou em Brasília uma das estações de espionagem nas quais funcionários da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) e agentes da CIA trabalharam em conjunto.
Documentos vazados pelo técnico em informática Edward Snowden, que trabalhou para a CIA durante os últimos quatro anos, mostram que milhões de telefones e de dados de usuários de internet em todo o mundo. O Brasil fica atrás apenas dos EUA em dados monitorados.
Questionado se ainda há dúvida sobre a ilegalidade do ato dos EUA, o ministro da Justiça disse que a Constituição brasileira é clara em classificar como crime interceptação de dados. "Se comprovada, é uma situação a ser apurada", disse, afirmando que a investigação será feita sob sigilo.
Cristina
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse ontem que pedirá a seus colegas da região um pronunciamento e pedido de explicações ao governo norte-americano pela espionagem de governos, pessoas e empresas na região. A medida será tomada na próxima cúpula de presidentes do Mercosul, que será realizada no dia 12 de julho, em Montevidéu.