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Enigma

Planeta alienígena

 | Robson Vilalba/Design e Ilustração
(Foto: Robson Vilalba/Design e Ilustração)

Como se a história do interior do nosso planeta não fosse quente o suficiente, uma variedade de novas descobertas acabaram de esquentá-la ainda mais.

Os geólogos há muito sabem que o centro da Terra, a quase 3 mil quilômetros sob nossos pés, é uma bola densa e quimicamente envernizada, mais ou menos do tamanho de Marte, e tão alienígena quanto.

É um lugar onde a pressão exerce um peso de 3,5 milhões de atmosferas, como se tivesse 3,5 milhões de céus caindo de uma vez sobre sua cabeça, e onde as temperaturas atingem 5.500 graus Celsius – tão quente quanto a superfície do Sol. É um lugar onde o termo "disposição ferrenha" não faz sentido, considerando que o próprio ferro não consegue se decidir sobre qual forma assumir. Ora fluido, ora sólido, ele se retorce e espirala como um confete líquido.

O centro ajuda a animar o enorme quebra-cabeças de placas tectônicas que flutuam muito acima dele e a erguer montanhas e escavar leitos marinhos. Ao mesmo tempo, os movimentos do ferro do centro geram o campo magnético da Terra, que bloqueia radiação cósmica nociva, guia os navegantes terrestres e ilumina os céus do norte com os fachos das luzes da aurora.

Agora, parece que os modelos já existentes do centro, apesar de dramáticos, podem não ser dramáticos o suficiente. Conforme relatado recentemente no periódico Nature, Dario Alfe da Universidade College London e seus colegas apresentaram provas de que o ferro das camadas externas do centro está dissipando calor, através de um processo dispendioso chamado condução térmica, numa taxa de duas a três vezes maior que as já estimadas.

As consequências teóricas dessa discrepância vão longe. Os cientistas afirmam que alguma outra coisa deve estar acontecendo nas profundezas da Terra para dar conta da energia térmica que falta em seus cálculos. Eles e outros oferecerem várias possibilidades.

Radioativo

O centro pode conter uma quantidade muito maior de material radioativo do que qualquer um suspeitava até então, e pode ser seu decaimento radioativo que produza calor.

Calor

O ferro da parte interna do centro pode estar se solidificando num ritmo assombrosamente rápido e produzindo o calor latente da cristalização no processo.

Química

As interações químicas dentro das ligas de ferro do centro e dos silicatos rochosos do manto sobre ele podem ser muito mais ferozes e energéticas do que se acreditava até então.

Bizarro

Ou pode ser que algo novo e bizarro esteja acontecendo, ainda indeterminado.

"Pelo que dá para ver, as pessoas estão empolgadas" com o relato, disse Alfe. "Elas veem que pode haver um novo mecanismo em ação sobre o qual elas ainda não haviam pensado".

Tradução de Adriano Scandolara.

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