Cientistas encontraram sinais de vapor de água em um planeta fora do Sistema Solar, a 63 anos-luz da Terra. A descoberta foi possível através da análise da atmosfera do astro, chamado apenas de HD 189733b. Este já é o segundo achado do tipo em planetas extra-solares (o primeiro foi divulgado no início deste ano) - o que indica que a substância essencial à vida pode ser comum em corpos como esses.

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O planeta é um "gigante gasoso" ou "Júpiter quente", como são chamados os planetas grandes como Júpiter que são encontrados muito perto de suas estrelas (alguns mais perto do que Mercúrio está de nosso Sol). Ao se aproximar da estrela, cerca de uma vez a cada dois dias, o astro "transpira" vapor d’água.

O comportamento era esperado pelos cientistas em corpos do tipo, mas comprovar isso era difícil até agora. Por isso, os resultados apresentados nesta quarta-feira (11), na revista científica britânica "Nature", são tão importantes. O trabalho apresentado no início do ano foi feito com o Hubble. Este, com outro telescópio espacial, o Spitzer. Os resultados coerentes dos dois mostra que realmente são grandes as chances desses planetas abrigarem água.

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Ainda assim, os cientistas duvidam que astros desse tipo possuam alguma forma de vida como conhecemos -– eles seriam quentes demais. Segundo as medições, o planeta estudado agora tem uma temperatura média que passa dos 727ºC. Planetas rochosos, mais do tamanho da nossa Terra, são candidatos melhores a abrigar vida e a expectativa é que a mesma técnica que encontrou água em HD 189733b consiga procurá-la em planetas desse tipo.

"Encontrar água nesse planeta indica que outros mundos no Universo, mesmo rochosos, também podem tê-la", disse o co-autor do estudo Sean Carey, cientista da Nasa que trabalha no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena.

Para detectar o vapor, a equipe de Carey, liderada por Giovanna Tinetti, da Agência Espacial Européia no Instituto de Astrofísica de Paris, observou a passagem do HD 189733b em frente a sua estrela, com o Spitzer, que enxerga em infravermelho. Quando passa pela atmosfera, a luz da estrela permite que os cientistas estudem a composição do planeta. Ao ver a mesma cena em três comprimentos de onda diferentes, o grupo viu que as variações na absorção de luz pelo planeta eram compatíveis com as que seriam observadas na presença de água. "Esse comportamento só pode ser explicado pela água", diz Tinetti.