O primeiro-ministro David Cameron vai revelar nesta segunda-feira (19) uma nova estratégia britânica para combater o extremismo, que inclui a possibilidade de o governo confiscar o passaporte de pessoas com planos de se juntar a grupos jihadistas no exterior.
O anúncio ocorre um dia depois do premier divulgar um plano de cinco milhões de libras (aproximadamente US$ 7,7 milhões ou R$ 30 milhões) para ajudar organizações locais a combater a propaganda de grupos como o Estado Islâmico (EI). A comunidade muçulmana, que se vê como potencial vítima das novas regras, disse que o projeto vai alienar a população.
O objetivo é contrabalançar a propaganda dos grupos jihadistas, responsável pelo recrutamento de centenas de britânicos. Segundo estatísticas oficiais, mais de 700 britânicos teriam viajado para combater nas regiões da Síria e do Iraque controladas pelo EI, e quase 300 deles teriam retornado ao Reino Unido, representando uma ameaça à segurança do país.
Diante disso, o plano permitirá, segundo o governo, apoiar as organizações locais e proporcionar “alternativas aos perigosos ideais veiculados pelos extremistas”. Uma das formas seria através das redes sociais, meio muito utilizado pelos jihadistas para recrutar jovens.
Além disso, será estabelecida uma colaboração entre empresas, polícia e governo, para suprimir os canais dos terroristas na internet.
“Devemos enfrentar e lutar contra o extremismo de forma sistemática (...), revelando suas mentiras e consequências destrutivas”, declarou Cameron, citado no comunicado.
A partir das novas medidas, os pais de jovens entre 16 e 17 anos serão capazes de apreender os documentos desses adolescentes, uma extensão a um direito já existente de os responsáveis solicitarem o cancelamento de passaportes de menores de 16 anos.
Outra medida irá assegurar que qualquer pessoa que tenha sido condenado por um crime de terrorismo ou atividade extremista seja automaticamente impedida de trabalhar com crianças ou outras pessoas consideradas vulneráveis.
Além disso, grupos acusados de extremistas serão proibidos e locais ligados à promoção do ódio, como mesquitas, podem ser fechados.
“Subversivos, organizados e sofisticados em seus métodos, extremistas islâmicos não apenas ameaçam a nossa segurança, mas põem em risco tudo o que construímos juntos -- o sucesso da nossa democracia multirracial e diversificada religiosamente”, escreveu Cameron na sua conta no Facebook. “Então temos que enfrentá-los onde quer que encontrarmos.
Críticas
O governo diz que a nova estratégia pretende atrapalhar os planos dos extremistas, perseguir os responsáveis pela radicalização e abordar algumas das razões sociais que permitem a ascensão do terrorismo.
No entanto, os críticos dizem que temem que as novas medidas sejam muito duras e possam exacerbar o sentimento de alienação e ressentimento entre os jovens muçulmanos britânicos.
O Conselho Muçulmano do Reino Unido (MCB), a maior organização islâmica do país, disse que a estratégia do governo foi baseada na análise pobres da ameaça terrorista e corria o risco de alienar as pessoas de quem precisa apoio. “A estratégia irá reforçar a percepção de que todos os aspectos da vida muçulmana devem ser submetidos a um teste de “conformidade” para provar a nossa lealdade a este país”, disse Shuja Shafi, secretário-geral do MCB.
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