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Enquanto inicia a transição de governo na Casa Branca, a equipe de Joe Biden – presidente eleito nos EUA, segundo projeções da imprensa – anunciou nesta segunda-feira (9) a criação de um conselho consultivo para políticas relacionadas à Covid-19, doença que já infectou quase 10 milhões de americanos e matou mais de 237 mil em menos de dez meses. Ele também promete fazer um esforço junto a governadores para que o uso de máscaras seja obrigatório em todos os estados e diz que vai alterar decisões tomadas durante a administração de Donald Trump, como a retirada dos EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os números da Covid-19 no país demonstram o tamanho do desafio apresentado pelo vírus, para o qual vacinas ainda estão em desenvolvimento. O peso econômico que as restrições de circulação estão impondo e o temor de que o inverno piore a crise sanitária colocam a pandemia no foco do governo de Biden e da vice, Kamala Harris, em um primeiro momento.
Depois de criticar ostensivamente a resposta de Trump à pandemia, Biden prometeu colocar a pandemia "sob controle" para que os americanos possam "recuperar seus momentos mais preciosos", seja ao visitar os netos até celebrar casamentos e formaturas sem o risco imposto pela doença. Nesta segunda ele já criou um conselho que vai construir "um plano de ação" do governo contra a Covid-19, que deve ser implantado assim que Biden e Kamala tomarem posse, em 20 de janeiro.
Este painel será liderado pelo ex-cirurgião-geral dos EUA Dr. Vivek Murthy, o ex-comissário da agência FDA (Food and Drug Administration, semelhante à Anvisa no Brasil), Dr. David Kessler, e a Dra. Marcella Nunez-Smith, professora de saúde pública e pesquisadora da Universidade de Yale. Outros dez especialistas em saúde vão compor o conselho como membros, inclusive a brasileira Luciana Borio, pesquisadora sênior de saúde global do Conselho de Relações Exteriores dos EUA.
"Lidar com a pandemia de coronavírus é uma das batalhas mais importantes que nosso governo enfrentará e serei informado pela ciência e por especialistas", disse Biden. "O conselho consultivo ajudará a moldar minha abordagem para gerenciar o aumento nas infecções relatadas; garantir que as vacinas sejam seguras, eficazes e distribuídas de forma eficiente, equitativa e gratuita; e proteger as populações em risco".
Em seu recém criado site de transição de governo, Biden e Harris apresentam uma lista de sete ações que devem compor a resposta do novo governo à pandemia – algumas das quais não dependem apenas do Executivo federal para se concretizarem. Saiba quais são:
1. Mais testes
A dupla eleita promete dobrar o número de testes "drive-thru" de Covid-19, investir em testes mais rápidos e precisos, aumentar e melhorar a produção e distribuição de testes e mobilizar pelo menos 100.000 americanos em todo o país "para realizar abordagens culturalmente competentes" para rastrear e proteger as populações em risco.
2. Mais EPIs
Os democratas também estão prometendo incentivar a produção de equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras e face shields, para que a demanda não seja maior do que a procura por esses itens e para que os Estados Unidos não fiquem dependentes da importação destes itens de países como a China.
3. Orientações ao CDC e ajuda a escolas
Biden diz que vai instruir o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) a fornecer orientações baseadas em evidências específicas para definir o risco e o grau de disseminação do coronavírus em uma determinada comunidade. Essas orientações servirão de embasamento para adoção de restrições ou flexibilizações, como quando abrir e fechar comércios, escolas, quando orientar as pessoas a ficar em casa, entre outras.
O democrata promete criar um fundo renovável para os governos estaduais e locais para ajudar a prevenir déficits orçamentários devido à crise econômica causada pela pandemia. Ele também quer levar ao Congresso um pacote de emergência para garantir que as escolas tenham os recursos adicionais de que precisam para se adaptarem à pandemia. Ele também tem uma ideia semelhante para ajudar os pequenos negócios.
4. US$ 25 bilhões para vacinas
Um governo de Biden diz que vai investir US$ 25 bilhões na fabricação e distribuição de vacinas para que todos os americanos possam se vacinar de graça contra a Covid-19. Ainda em relação ao assunto, ele promete que não vai fazer pressão para que uma vacina seja aprovada sem que sua eficácia seja antes comprovada.
5. Questão racial
Por sugestão de Kamala Harris, os democratas afirmam que vão criar uma força-tarefa para disparidades raciais e étnicas relacionadas ao acesso à saúde durante e após a pandemia.
6. Volta à OMS
Ao assumir a Casa Branca, Biden diz que vai imediatamente restabelecer as relações dos Estados Unidos com a OMS. Segundo o democrata, mesmo que a relação "não seja perfeita", ela é essencial para coordenar uma resposta global durante a pandemia.
Biden também diz que quer reativar o Predict, um programa de rastreamento de patógenos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, e a Diretoria do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca para Segurança de Saúde Global e Biodefesa, originalmente estabelecida pelo governo do democrata Barack Obama, mas fechada durante o governo de Trump.
7. Obrigatoriedade de máscaras
O presidente não tem o poder de estabelecer a obrigatoriedade nacional do uso de máscaras nos Estados Unidos, mas Biden diz que vai trabalhar junto aos governadores e prefeitos para que todos os estados e municípios imponham essa regra. Ele não explicou, porém, como vai negociar com líderes republicanos que rejeitam a ideia.