O governo de Barack Obama começou a analisar uma possível troca de espiões com a Rússia já em 11 de junho, bem antes das prisões de dez supostos agentes russos nos Estados Unidos. Detalhes sobre as negociações que antecederam a maior troca de espiões entre Rússia e Estados Unidos desde a Guerra Fria foram divulgados horas depois de os dois países intercambiarem agentes na pista do aeroporto de Viena.
A resolução sumária do caso, com potencial para desatar uma crise entre os ex-rivais, revela a disposição dos países em não interromper o bom momento das relações. Segundo um funcionário da Casa Branca, as negociações foram conduzidas pelo próprio diretor da CIA (agência de inteligência americana), Leon Panetta, com sua contraparte russa, Mikhail Y. Fradkov.
Fradkov dirige a SVR, a sucessora da agência soviética KGB, que supostamente organizava a rede desbaratada.
A investigação sobre o esquema, ainda segundo o funcionário americano, era do conhecimento do presidente Barack Obama desde o início do ano, que só dias antes das prisões recebeu Medvedev.
Troca histórica
O caso de espionagem que ameaçou abalar as relações entre Estados Unidos e Rússia teve seu desfecho ontem com a maior troca de presos desde o fim da Guerra Fria, evidenciando vontade política dos ex-rivais para superar as desavenças.
Numa operação de cerca de uma hora, os dez supostos espiões da Rússia presos nos EUA no dia 27 de junho foram trocados no aeroporto de Viena (Áustria) por quatro russos condenados por atuar para os serviços americanos.
As aeronaves aterrissaram com poucos minutos de diferença e, depois da troca, alçaram voo em sequência para seus países de origem. O avião russo chegou ainda hoje a Moscou, e os dez suspeitos foram levados em veículos do governo a lugar não revelado. O avião americano retornou a Nova York.
Os filhos dos agentes russos também estavam sendo transferidos à Rússia ou o serão dentro de alguns dias.
A operação, digna de acordos da Guerra Fria, foi viabilizada após os dez suspeitos detidos nos EUA se dizerem, na véspera, culpados da acusação de não se registrar como agentes externos no país.
A confissão coletiva numa corte de Nova York, acordada em negociações de alto escalão entre Moscou e Washington, foi seguida pelo concessão de perdão aos quatro detidos russos pelo presidente da Rússia, Dmitri Medvedev.
O caso teve início no dia 28 de junho, quando os EUA revelaram a detenção dos dez russos e os acusaram de integrar rede de espionagem de Moscou que tinha o objetivo de se inserir em influentes esferas para obter informações.
Um 11.º suspeito foi detido em Chipre, mas foi solto sob fiança e permanece foragido.