Ilustração mostra os dez espiões russos durante depoimento na Corte Federal, em Nova York: caso relembra a Guerra Fria entre EUA e Rússia| Foto: Christine Cornell/Reuters

Luto

Morre agente que fugiu da Rússia

Sergei Tretyakov, um ex-espião russo de alto escalão, que deixou a Rússia para se refugiar nos Estados Unidos, morreu há um mês, aos 53 anos, mas só ontem foi revelada. Em uma rara coincidência, sua morte foi anunciada no mesmo dia em que a Rússia e os Estados Unidos concluíram a maior troca de espiões entre os dois países desde a Guerra Fria.

Tretyakov, que desertou para se refugiar nos EUA em outubro do ano 2000, após cinco anos à frente das operações de espionagem russas nas Nações Unidas, morreu em sua residência, em 13 de junho, vítima de um ataque cardíaco, escreveu seu amigo, Pete Earley, em seu blog.

"Sergei era considerado o espião mais importante dos Estados Unidos desde a queda da União Soviética", disse Earley falando de uma biografia do agente que publicou em 2008.

Nove dias depois do falecimento de Tretyakov, mais de 200 pessoas, entre amigos, vizinhos e colegas que trabalharam com ele nos Estados Unidos, assistiram a uma cerimônia privada, conforme a tradição ortodoxa russa.

A viúva de Tretyakov, Helen, disse que seu marido não estava a par da iminente prisão de dez agentes secretos que trabalhavam para a Rússia.

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O governo de Barack Obama começou a analisar uma possível troca de espiões com a Rússia já em 11 de junho, bem antes das pri­­sões de dez supostos agentes russos nos Estados Unidos. Deta­­lhes sobre as negociações que an­­tecederam a maior troca de es­­piões entre Rússia e Estados Uni­­dos desde a Guerra Fria foram di­­vulgados horas depois de os dois países intercambiarem agentes na pista do aeroporto de Viena.

A resolução sumária do caso, com potencial para desatar uma crise entre os ex-rivais, revela a disposição dos países em não in­­terromper o bom momento das relações. Segundo um funcionário da Casa Branca, as negociações fo­­ram conduzidas pelo próprio di­­retor da CIA (agência de inteligência americana), Leon Panetta, com sua contraparte russa, Mi­­khail Y. Fradkov.

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Fradkov dirige a SVR, a sucessora da agência soviética KGB, que supostamente organizava a rede desbaratada.

A investigação sobre o esquema, ainda segundo o funcionário americano, era do conhecimento do presidente Barack Obama desde o início do ano, que só dias an­­tes das prisões recebeu Med­­vedev.

Troca histórica

O caso de espionagem que amea­­çou abalar as relações entre Es­­tados Unidos e Rússia teve seu desfecho ontem com a maior troca de presos desde o fim da Guer­­ra Fria, evidenciando vontade política dos ex-rivais para superar as de­­sa­­ven­­ças.

Numa operação de cerca de uma hora, os dez supostos espiões da Rússia presos nos EUA no dia 27 de junho foram trocados no aeroporto de Viena (Áustria) por quatro russos condenados por atuar para os serviços americanos.

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As aeronaves aterrissaram com poucos minutos de diferença e, depois da troca, alçaram voo em sequência para seus países de origem. O avião russo chegou ainda hoje a Moscou, e os dez suspeitos foram levados em veículos do go­­verno a lugar não revelado. O avião americano retornou a Nova York.

Os filhos dos agentes russos também estavam sendo transferidos à Rússia – ou o serão dentro de alguns dias.

A operação, digna de acordos da Guerra Fria, foi viabilizada após os dez suspeitos detidos nos EUA se dizerem, na véspera, culpados da acusação de não se registrar como agentes externos no país.

A confissão coletiva numa corte de Nova York, acordada em ne­­gociações de alto escalão entre Moscou e Washington, foi seguida pelo concessão de perdão aos quatro detidos russos pelo presidente da Rússia, Dmitri Med­­vedev.

O caso teve início no dia 28 de junho, quando os EUA revelaram a detenção dos dez russos e os acusaram de integrar rede de espionagem de Moscou que tinha o objetivo de se inserir em influentes esferas para obter informações.

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Um 11.º suspeito foi detido em Chipre, mas foi solto sob fiança e permanece foragido.