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Eleições presidenciais

Pleito acirrado: Peru pede que comunidade internacional não comente eleições do país

A candidata à presidência do Peru pelo partido Força Popular, Keiko Fujimori, fala com o assessor Luis Galarret durante entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros hoje, em Lima (Peru). (Foto: EFE/Paolo Aguilar)

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O Ministério das Relações Exteriores do Peru pediu nesta sexta-feira para que a comunidade internacional se abstenha de fazer comentários sobre as eleições presidenciais do país enquanto os órgãos eleitorais peruanos não proclamarem um vencedor.

Em mensagem divulgada em redes sociais, o governo afirmou que "as expressões em qualquer sentido de autoridades oficiais em exercício constituem uma intromissão e uma falta de respeito para com o povo peruano".

O governo enviou na quinta-feira notas de protesto às embaixadas de Argentina, Bolívia e Nicarágua em Lima pelas felicitações das respectivas autoridades ao candidato presidencial da esquerda, Pedro Castillo, lidera a votação contra a representante da direita, Keiko Fujimori.

Os presidentes da Argentina, Alberto Fernández; e da Bolívia, Luis Arce; e a vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, publicaram mensagens parabenizando Castillo, o qual já consideravam virtualmente eleito.

Os ex-presidentes brasileiros Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff; o boliviano Evo Morales e o paraguaio Fernando Lugo também congratularam o candidato peruano de esquerda.

Eleição Apertada

Faltando 0,413% para a apuração ser concluída, Castillo lidera a disputa com 50,17% dos votos válidos, contra 49,83% de Keiko, separados por uma margem de cerca de 60 mil votos.

Contudo, o partido de Keiko, Força Popular solicitou a anulação de cerca de 200 mil votos de zonas rurais e menos favorecidas onde a votação foi esmagadoramente pró-Castillo, alegando sem provas que houve "fraude sistemática" por parte do candidato esquerdista.

O Júri Nacional de Eleições (JNE) prorrogou extraordinariamente o prazo para a apresentação de recursos após a maioria desses pedidos terem sido apresentados pelo Força Popular após o prazo determinado.

O partido de esquerda Peru Livre, de Castillo, considerou a decisão ilegal e inconstitucional e teme que procure favorecer as reivindicações do fujimorismo.

Ao contrário das autoridades internacionais que se manifestaram a favor de Castillo, um grupo de 17 ex-presidentes da América Latina assinou uma declaração conjunta para defender uma revisão de todos os recursos de anulação.

Estão presentes na declaração as assinaturas do atual presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou; do ex-presidente do governo da Espanha, José María Aznar; e dos ex-presidentes da Argentina, Mauricio Macri; do México, Andrés Calderón; da Colômbia; Álvaro Uribe e Andrés Pastrana; e da Bolívia, Jorge Quiroga.

Muita tensão e polarização

Castillo e Keiko protagonizaram a campanha eleitoral mais polarizada da história democrática recente do Peru, uma vez que personificam dois projetos políticos radicalmente opostos.

De um lado, Keiko, que se ganhar evitaria temporariamente uma pena de 30 anos de prisão por suposta lavagem de dinheiro em suas campanhas eleitorais anteriores, propõe a continuação da economia neoliberal implementada pelo pai, o ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000).

Do outro, Castillo defende um profundo reformismo que inclui uma nova Constituição que permita a nacionalização dos recursos naturais, considerando que o significativo crescimento econômico do país não resolveu as lacunas sociais e até aumentou a desigualdade.

Atualização

Uma versão anterior desta matéria citava erroneamente que o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo era português. O texto foi corrigido após alerta de um dos nossos leitores. Pelo erro, pedimos desculpas.

Atualizado em 14/06/2021 às 08:40

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