O Partido Comunista da China iniciou nesta segunda-feira (8) sua sexta sessão plenária em Pequim. O encontro a portas fechadas, que vai até quinta-feira (11), tem sido encarado como uma estratégia do ditador Xi Jinping, na liderança do partido desde 2012 e do país desde 2013, para “reescrever” a história da legenda e da própria China, consolidando seu poder e dessa forma pavimentando seu próprio futuro.
Em 2018, o limite de mandatos presidenciais foi abolido no país, e já é dado como certo que Xi será reconduzido a um terceiro período como chefe de Estado no ano que vem.
Segundo a agência de notícias estatal Xinhua News, Xi deu nesta segunda-feira explicações sobre um projeto de resolução, a ser votado na plenária, sobre as “principais conquistas e experiências históricas” dos cem anos do Partido Comunista da China (completados este ano), que, na visão a ser consagrada no documento, teria redimido o país após longos períodos de humilhações.
“O povo chinês, que sofreu subjugação e intimidação desde o advento dos tempos modernos, se ergueu. A nação chinesa está avançando em direção à modernização em todas as frentes e o socialismo abriu um caminho de sucesso no país mais populoso do mundo”, assinalou um comunicado divulgado em outubro, segundo a Xinhua News.
O texto da agência deixa claro o objetivo da nova resolução, que seria apenas a terceira desde a fundação do partido, ao colocar Xi Jinping – que “vem liderando todo o partido e pessoas de todos os grupos étnicos na obtenção de novas conquistas notáveis e na acumulação de novas e preciosas experiências”, conforme a Xinhua – ao lado de outras lideranças importantes da legenda (Mao Tsé-Tung, Deng Xiaoping, Jiang Zemin e Hu Jintao): formatar como a história chinesa e do partido será contada, com o atual ditador consolidando um papel de liderança incontestável, por representar a continuidade da trajetória iniciada há cem anos.
“A resolução de 1945 afirmou a liderança de Mao no Partido Comunista, e a resolução de 1981 visou virar a página após o caos destrutivo de uma década da Revolução Cultural que Mao criou. A resolução deste ano será algo entre o passado do partido e o futuro de Xi”, afirmou Dali Yang, especialista em China da Universidade de Chicago, ao jornal britânico The Guardian.
Para analistas, não se trata apenas do narcisismo do “culto à personalidade”, típico dos ditadores, mas de legitimar o atual líder chinês num momento em que a China aumenta suas pretensões militares e de ofuscar o Ocidente.
“A função essencial de toda essa verborragia, não se engane, estará centrada na pessoa e no poder de Xi Jinping, definindo sua liderança como o caminho a seguir, com base em uma compreensão da história que define sua agenda central”, afirmou David Bandurski, diretor do China Media Project, da Universidade de Hong Kong, à CNN.
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