A pandemia e a crise econômica elevou o índice de extrema pobreza na América Latina em 2020 a níveis que não eram observados há 20 anos. Segundo um estudo conduzido pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), estima-se que 78 milhões de pessoas que vivem na região não dispõem de recursos que permitam satisfazer suas necessidades básicas de alimentação – oito milhões de pessoas a mais do que em 2019. Isso representa 12,5% da população.
Segundo a organização ligada às Nações Unidas, o índice de pobreza extrema poderia ter chegado a 15,8% caso os governos não tivessem adotado medidas de proteção social, como auxílios emergenciais, que beneficiaram quase 50% da população da América Latina.
O índice de pobreza geral – condição em que a renda de uma pessoa é menor que o valor de uma cesta básica com itens de alimentação, limpeza e higiene – também aumentou no ano passado. Agora são aproximadamente 209 milhões de pessoas, ou um em cada três latino-americanos (33,7% de 654 milhões de habitantes), vivendo nesta situação – 22 milhões a mais do que em 2019, o maior aumento registrado neste índice em 12 anos.
"Os efeitos da pandemia do coronavírus se espalharam por todas as áreas da vida humana, alterando a forma como interagimos, paralisando economias e gerando mudanças profundas nas sociedades", apontou o relatório, citando uma queda de 7,7% no PIB da região no ano passado.
A Cepal defende que seja necessário retomar ou continuar com programas de transferências de recursos para os mais necessitados e que, no longo prazo, os governos da região instituam uma renda básica universal e apostem "em sistemas de proteção social universais, integrais e sustentáveis".