A polícia espanhola acredita que o ETA se reorganizou durante a trégua que anunciou em 22 de março de 2006 e agora tem capacidade para realizar atentados em todo o país.
As autoridades regionais bascas negam que a organização -considerada responsável por 819 mortes em quase 40 anos de luta armada pela independência do País Basco- volte a assassinar vereadores, como ocorreu depois do fim da trégua em janeiro de 2000.
Um dia depois de o ETA anunciar sua volta à luta armada "em todas as frentes" a partir da 0h de quarta-feira, o ministro espanhol do Interior admitiu que os rebeldes podem cometer um ataque a qualquer momento.
Segundo as informações do relatório de 19 de abril divulgado pela polícia e citado pelo jornal "El País", o quadro é alarmante. O documento reconhece que o ETA "a curto prazo disporá de capacidade operativa suficiente e manterá um nível de ameaça constante em todo o país".
As autoridades policiais alertavam ainda para a possibilidade do uso de carros-bomba e outros artefatos explosivos. Esta preocupação era palpável nesta quarta-feira na Espanha. As medidas de segurança foram reforçadas a partir de terça-feira no porto de Valencia, onde acontece a Copa Louis Vitton.
O clube Real Madrid solicitou um reforço na segurança de seus jogadores, que sábado jogarão em Zaragoza. Os analistas especulam que o ETA poderá atacar pontos turísticos na costa mediterrânea ou aeroportos, como fazia tradicionalmente antes da trégua e, com isso, tentará mostrar sua força em todo território espanhol.
O jornalista Gorka Landaburu, do jornal semanal Cambio 16, considera que o ETA deva pressionar os empresários bascos e navarros para conseguir o dinheiro de que necessita. Landabaru lembra que a organização enviou uma nova remessa de cartas de extorsão, mas a Confederação Empresarial Basca nega que tenha conhecimento disso.
Florencio Domínguez, redator-chefe da agência basca Vasco Press, também tem uma visão pessimista. Para ele, o Partido Nacionalista Basco (PNV) e o departamento do Interior Basco crêem que o ETA "vai voltar a assassinar". Domínguez aponta como principais alvos os vereadores bascos do Partido Popular (PP) e os socialistas defensores do diálogo, postura adotada pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) do presidente Luis Rodríguez Zapatero.
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