A polícia argentina cumpriu nesta quinta (30) um mandado de busca e apreensão em imóveis da ex-presidente Cristina Kirchner. É a segunda vez em menos de dois meses que a ex-mandatária é alvo desse tipo de operação.
Desta vez, propriedades no sul do país da empresa imobiliária de Cristina, Los Sauces, foram revistadas. Em maio, imóveis da mesma companhia localizados em Buenos Aires haviam sido verificados pela polícia.
Há uma investigação em curso que analisa se os empresários Cristóbal López e Lázaro Báez alugavam apartamentos da ex-mandatária como forma de pagamento de propina.
As empresas de López e Báez foram as maiores vencedoras de licitações durante o kirchnerismo (2003-2015). Báez, que está preso desde o início de abril sob suspeita de lavagem de dinheiro, também é acusado de ter pago diárias fictícias aos hotéis de Cristina, num caso conhecido como Hotesur.
Nas redes sociais, Cristina se defendeu afirmando que as causas são inventadas e que ela e seu marido Néstor Kirchner, ex-presidente morto em 2010, foram os chefes de Estado do país mais “denunciados e investigados”.
Lembrou que o nome do atual presidente, Mauricio Macri, apareceu em documentos como membro da diretoria de empresas constituídas em paraísos fiscais e destacou que nenhum dos imóveis de Macri foi alvo de operações de busca.
“Podem fazer mais mil operações e me prenderem. O que nunca poderão fazer é esconder as consequências de um plano econômico [de Macri] que só distribuiu pobreza aos trabalhadores”, afirmou.
Ainda nesta quinta, dois juízes federais indiciaram Báez por lavagem de dinheiro e ordenaram que os vínculos entre o empresário e Cristina sejam investigados “sem demora”. O documento não faz menção explícita à ex-presidente, mas determina que “as mais altas autoridades do Poder Executivo anterior, do Ministério do Planejamento e da Secretaria de Obras” sejam investigadas.
O pedido é uma referência, respectivamente, a Cristina, a Julio De Vido (processado por administração fraudulenta na Argentina e suspeito de participar de um esquema de pagamento de propina na venda de uma empresa da Petrobras) e a José López (preso há 15 dias quando tentava esconder US$ 8,9 milhões em um convento da Grande Buenos Aires).
O documento expedido pelos juízes afirma ainda que “não se pode descartar [que venha a ser instaurado] um mega-processo [que reúna todos os casos que envolvem a ex-presidente], seja nesta ou em uma eventual etapa futura de acusação”.
A situação de Cristina na Justiça é delicada. Além dos casos da empresa imobiliária e da hoteleira, há um processo contra ela pela venda de dólares no mercado futuro a valores abaixo dos de mercado. As operações financeiras, realizadas no fim do ano passado pelo Banco Central, quando ela era presidente do país, causaram um prejuízo aos cofres públicos estimado em 77 bilhões de pesos (R$ 16,5 bilhões).
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