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Na contramão da lei

Polícia arma cilada para prender brasileiros ilegais nos EUA

Um plano foi arquitetado durante um ano envolvendo mais de 20 homens armados e a promessa de uma vida legalizada para dezenas de imigrantes. O esquema envolvia microcâmeras e até um agente americano infiltrado na comunidade brasileira - uma operação planejada e executada pelo serviço de imigração dos Estados Unidos.

"Ele falava que era um agente da imigração e que a única coisa que ele estava fazendo de errado era fazer o documento fora da imigração", diz uma vítima. "Eu tinha uma conta no banco, tudo tranqüilo e de uma hora para outra acabou tudo", diz outra imigrante que faz parte do grupo de brasileiros presos acusados de conspirar para obter um documento verdadeiro de forma ilegal.

Os 27 brasileiros envolvidos no caso sabiam que estavam na contramão da lei. Mas a papelada daria a eles uma vida legalizada nos Estados Unidos - com direito de trabalhar, ir ao Brasil e voltar quando bem entendessem. Mas as autoridades americanas tinham planos bem diferentes para eles. Foi quando começou a operação que os brasileiros agora chamam de uma grande cilada.

Depois de um ano de negociações, atraídos por um agente que fingia ser corrupto, os brasileiros entraram num ônibus. Eles seguiriam para outra cidade, onde receberiam o green card, o documento definitivo de permanência nos Estados Unidos.

Mas, ao contrário do combinado, os documentos foram entregues ali mesmo e o agente exigiu a última parte do pagamento. As portas se fecharam e um caminhão dos correios, estacionado logo ao lado, era um cavalo-de-tróia: de dentro dele saíram 20 agentes da imigração americana.

Os brasileiros foram algemados. Desceram com as mãos na cabeça e foram levados para a delegacia. O "Fantástico" teve acesso a documentos oficiais em que a imigração americana detalha a operação. O primeiro passo foi em julho do ano passado.

Fontes secretas foram instruídas a espalhar pela comunidade brasileira a informação de que documentos reais de imigração poderiam ser obtidos por meio de um funcionário do governo. Foi acertado que cada imigrante pagaria US$ 13 mil pela legalização - o equivalente a R$ 26 mil.

O esquema de pagamento foi relatado pelo chefe da operação: "uma entrada de US$ 2 mil para cada cliente; US$ 4 mil pela permissão de trabalho; e ainda US$ 7 mil na entrega do green card."

Dezenas de brasileiros foram atraídos, mas só 28 fecharam negócio. Um está foragido. Os outros foram presos - entre eles, os irmãos Gonçalves Dias. O mais velho, Walace, tem 46 anos e espera ser deportado o mais rapidamente possível.

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