A polícia do Iêmen abriu fogo contra manifestantes na terça-feira (8) em Sanaa, a capital, ferindo segundo testemunhas pelo menos 50 pessoas que exigiam a renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh, há 32 anos no poder. Três feridos estão em estado grave, segundo essas fontes.

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Policiais e agentes à paisana dispararam quando tentavam impedir que um grupo se juntasse a milhares de manifestantes acampados há semanas diante da Universidade de Sanaa, disseram testemunhas.

O governo não comentou o incidente.

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A polícia levou jatos de água e colocou blocos de concreto em torno da universidade, que andava tranquila nos últimos dias, após semanas de violentos confrontos em todo o país envolvendo partidários do governo e manifestantes, em incidentes que causaram pelo menos 27 mortes.

Cerca de 10 mil pessoas participaram de passeata na cidade de Dhamar, 60 quilômetros ao sul de Sanaa, afirmaram moradores pelo telefone. Dhamar é conhecida pela sua ligação com Saleh, e é a cidade natal do primeiro-ministro, do ministro do Interior e do presidente do Supremo Tribunal do Iêmen.

'Fora, fora!,' gritavam os manifestantes em Dhamar, apenas dois dias após um protesto semelhante de apoiadores do regime.

As manifestações contra a pobreza e a corrupção, além de uma série de deserções de aliados políticos e tribais de Saleh, colocaram pressão sobre o presidente para que ele renuncie ainda este ano. Ele promete ficar até o fim do mandato, em 2013.

'O que estamos vendo é cada vez mais pessoas começando a se cristalizar em torno dessa exigência única pela renúncia do presidente,' disse o acadêmico Gregory Johnsen, especialista em Iêmen, da Universidade de Princeton.

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Em Sanaa, onde milhares de manifestantes acampam há semanas, veículos militares com soldados armados foram deslocados para as ruas em uma aparente resposta à convocação de uma passeata ao palácio presidencial.

O Iêmen, vizinho da Árabia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, já tinha dificuldades para sustentar o regime mesmo antes dos recentes protestos. Saleh lutava para consolidar uma trégua com os rebeldes xiitas no norte do país e enfrentava uma rebelião separatista no sul, ao mesmo tempo em que combatia um braço do grupo Al Qaeda sediado no país.

Analistas dizem que os protestos podem estar chegando a um ponto em que será difícil para Saleh se manter no poder.

Num fato que pode agravar a ira popular, dois grupos locais de direitos humanos relataram que dois presos morreram depois que as forças de segurança usaram munição real e bombas de gás lacrimogêneo para conter uma rebelião na segunda-feira em Sanaa.

O chanceler Abubakr Al Qirbi atribuiu os protestos às más condições econômicas. Cerca de 40 por cento dos 23 milhões de iemenitas vivem com dois dólares por dia ou menos, e um terço sofre de desnutrição crônica. Qirbi disse esperar que doadores estrangeiros ofereçam até 6 bilhões de dólares para preencher uma lacuna orçamentária durante cinco anos.

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'O que precisamos é realmente de desenvolvimento e crescimento econômico, porque a atual crise política é mesmo resultado da situação econômica no Iêmen,' afirmou ele a uma reunião de chanceleres do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) na segunda-feira em Abu Dhabi.