A polícia britânica com treinamento especial em material químico e nuclear liberou neste domingo (22) a casa do oligarca russo Boris Berezovsky, um dia após a morte em circunstâncias ainda não esclarecidas do crítico fervoroso do presidente russo, Vladimir Putin.

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Influente na política russa, Berezovsky tinha 67 anos e havia ajudado Putin a chegar ao poder na Rússia, mas depois os dois se desentenderam e o empresário caiu em desgraça. O oligarca foi encontrado morto em sua casa em Ascot, 40 quilômetros a oeste de Londres.

A polícia afirmou que a morte era "inexplicável" e enviou à casa especialistas em produtos radioativos, biológicos e químicos para realizarem testes e tentarem descobrir como foram as últimas horas de vida dele.

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Depois que se tornou um dos mais ferozes críticos de Putin e defendeu por várias vezes que ele fosse destituído do poder, Berezovzky foi alvo de tentativas de assassinato e dizia temer por sua vida.

Ele era amigo de Alexander Litvinenko, o espião russo envenenado com material radioativo em Londres, em 2006 -- um caso de assassinato que provocou tensão nas relações diplomáticas entre Grã-Bretanha e Rússia.

No entanto, pessoas ligadas a Berezovzky, magnata que personificava o cruel mundo pós-soviético, dizem que ele estava deprimido e pode ter cometido suicídio ou ter sofrido um ataque cardíaco por causa do estresse de ter perdido 6 bilhões de dólares num processo judicial vencido pelo dono do clube de futebol Chelsea, Roman Abramovich.

Segundo a imprensa britânica, pouco antes de morrer Berezovzky havia dado uma entrevista à revista Forbes, na qual falou sobre sua intenção de retornar à Rússia. Ele vivia na Grã-Bretanha desde que fugiu de seu país, em 2000.

"Eu não sei o que fazer. Tenho 67 anos de idade. E não sei o que fazer", disse ele na entrevista, de acordo com trechos publicados em vários jornais britânicos.

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A polícia cercou a mansão de Berezovsky enquanto os especialistas realizavam uma minuciosa revista da casa.

"Os policiais da CBRN (a seção encarregada da investigação de materiais químicos, biológicos, radiológicos e nucleares) não encontraram nada de preocupante na propriedade e agora estamos prosseguindo a investigação como um caso normal", disse o superintendente Simon Bowden, da Thames Valley Police, em um comunicado.

O governo russo considera Berezovsky um criminoso que deverias ir a julgamento por fraude e evasão fiscal. Ele foi humilhado em 2012, quando perdeu uma batalha judicial com seu ex-sócio Abramovich pela divisão de ações na quarta maior companhia petrolífera da Rússia.

O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse à TV estatal Rossya-24 que o oligarca havia escrito a Putin e lhe pedido ajuda para voltar à Rússia.

"Algum tempo atrás, talvez há uns dois meses atrás, Berezovsky escreveu pessoalmente uma carta a Vladimir Putin na qual ele reconheceu que havia cometido muitos erros, pediu perdão a Putin pelos erros e apelou a Putin para que o ajudasse a voltar para sua pátria", afirmou o porta-voz, segundo a TV Rossiya-24.

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Algumas pessoas ligadas a Berezovsky disseram que ele estava com dificuldades para arcar com o custo da perda do processo, estimado em mais de 100 milhões de dólares. Berezovsky era discreto e raramente visto em público.

"Ele não tinha dinheiro, tinha perdido tudo. Estava incrivelmente deprimido", afirmou ao Sunday Times o executivo de relações publicas Tim Bell, que foi um dos conselheiros britânicos mais próximos a Berezovzky. "É tudo muito triste."

Alexei Venediktov, editor da rádio Ekho Moskvy da Rússia, afirmou ter ouvido de fontes não especificadas que Berezovsky tinha falecido em decorrência de insuficiência cardíaca.