Ian Blair, a principal autoridade policial da Grã-Bretanha, admitiu nesta quarta-feira que falhou em não interromper a disseminação de informações erradas depois que oficiais mataram um brasileiro inocente por tê-lo confundido com um homem-bomba. A declaração foi feita no mesmo dia em que os familiares do eletricista de 27 anos anunciaram que vão a Londres pedir Justiça.
Segundo a prima de Jean, Maria Beatriz Figueiredo, que vive em Gonzaga, no leste de Minas Gerais, devem viajar o irmão do mineiro, Giovanni Menezes, o pai, Matozinhos Otoni Silva, e a mãe, Maria Otoni Silva de Menezes. Eles devem chegar à capital britânica no próximo dia 27.
Blair disse que foi um erro não esclarecer os rumores na imprensa de que a polícia havia matado o rapaz de 27 anos porque ele teria pulado uma roleta para entrar em uma estação de metrô e de que ele estava usando um casaco volumoso, que parecia conter explosivos. Nenhum dos rumores era verdade.
- Eu não que nós evitamos a má informação de verdade - disse Blair em entrevista ao programa da BBC "Hardtalk". - Nós permitimos, ou não contradizemos o suficiente os dados sobre Menezes ter pulado a roleta. Acho que não fizemos o suficiente.
O eletricista brasileiro foi baleado oito vezes a queima-roupa, quando ele entrava em um trem do metrô no momento que policiais procuravam pelos autores do ataque realizado um dia antes.
- Nós nunca enganamos a família - disse Blair. - Nós dissemos a família desde o início que não havia nenhum problema com o casaco e que ele não pulou as roletas.Blair disse ter pensado, por um breve momento, em renunciar quando os familiars do brasileiro pediram que ele se afastasse do cargo.
- Eu certamente pensei, mas não acho que seria o correto para a organização ou para o país ou para a cidade de Londres - disse ele. - O grande trabalho é defender esse país contra o terrorismo.
A morte de Jean Charles de Menezes mudou as táticas da polícia britânica, ele acrescentou, e desencadeou um debate sobre como a polícia deve usar sua força letal.
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