Enquanto se aproxima o domingo (1), data do controverso referendo pela independência catalã, as disputas políticas têm emaranhado as instituições do país, opondo inclusive as diferentes forças policiais entre si.
A Catalunha, uma região espanhola já parcialmente independente, quer separar-se por completo da Espanha. O governo central em Madri, porém, diz que o referendo é ilegal e planeja impedi-lo. Essas posições irreconciliáveis significam que diversos órgãos estão em embate.
A desavença mais recente ocorreu entre o Ministério Público catalão - um corpo independente, mas alinhado ao governo central - e a polícia autônoma catalã, chamada de Mossos d'Esquadra.
O Ministério Público ordenou na terça-feira (26) que os Mossos cerquem os colégios eleitorais e impeçam o voto. A polícia catalã, no entanto, respondeu negativamente nesta quarta-feira (27).
Pere Soler, diretor dos Mossos, escreveu em sua conta oficial na rede social Twitter: "Que ninguém se equivoque. A principal missão é garantir direitos, e não impedir o seu exercício".
O conselheiro catalão de Interior, Joaquim Forn, espécie de ministro regional, também desafiou as ordens do Ministério Público - conhecido na Espanha como Fiscalía - e afirmou que os Mossos vão permitir o referendo deste domingo.
A situação se complica porque Madri enviou centenas de membros da Polícia Nacional para a Catalunha para garantir a ordem durante o domingo, em que é previsto algum grau de confronto entre independentistas e as forças de segurança.
Também foram deslocadas tropas da Guarda Civil, espécie de polícia com atribuições militares ligada aos ministérios de Interior e Defesa.
Diante desse cenário, o conselheiro Forn disse na quarta que "a Polícia Nacional e a Guarda Civil vêm à Catalunha alterar a ordem".
O governo catalão diz não poder estimar o número de policiais enviados por Madri, movimento que descreve como "em massa", por não ter sido informado oficialmente.
O envio de policiais à Catalunha causou bastante incômodo nesta semana, com celebrações organizadas em diferentes regiões da Espanha para celebrar seu deslocamento. Cidadãos aparecem, em vídeos, gritando "a por ellos!" aos policiais -algo como "peguem eles".
"As imagens são inacreditáveis", afirmou o conselheiro Forn. "É como se fossem a uma guerra ou colonizar, e ninguém lhes desautorizou".
Histórico
O movimento pela independência da Catalunha é antigo, com influência das ideologias nacionalistas do século 19. Mas esse projeto ganhou força nos últimos anos com a formação de um governo regional em 2015 de partidos pró-independência.
O argumento é tradicionalmente cultural. Catalães têm, afinal, sua própria história e língua, em paralelo à sua identidade espanhola.
Mas ativistas passaram a insistir, recentemente, em razões econômicas: a Catalunha contribui com 20% do PIB espanhol, mas se ressente de não receber um repasse proporcional. Há a sensação de que, independente, essa região poderá ter um melhor desempenho econômico.
O referendo deste domingo é ilegal, no sentido de que contraria a lei espanhola, inclusive uma decisão clara do Tribunal Constitucional.
Mas o Parlamento catalão planeja declarar depois de 48 horas do voto sua independência de maneira unilateral. Se o gesto for de fato feito, a situação pode escalar de maneira considerável, com o governo central em Madri revogando a autonomia catalã e tomando o controle.
Analistas preveem que nesse cenário o presidente catalão, Carles Puigdemont, será detido na semana que vem, agravando o cenário.
O desafio de vencer o terrorismo, a maior ameaça à democracia https://t.co/ZS0DyIEa79 pic.twitter.com/4ussTjnp5F
â Ideias (@ideias_gp) September 9, 2017
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