A polícia nacional da Colômbia é responsável por 11 das 14 mortes de civis ocorridas durante os protestos de setembro de 2020 em Bogotá e no município vizinho de Soacha, concluiu um relatório acadêmico apresentado nesta segunda-feira à prefeitura da capital. A investigação independente foi solicitada pela prefeitura de Bogotá e teve o apoio das Nações Unidas.
De acordo com o documento, em 9 e 10 de setembro de 2020, a polícia "reagiu de forma desproporcional, ilegal e em desrespeito ao princípio da humanidade, ao lidar com manifestações cidadãs em Bogotá e Soacha", onde houve protestos sobre o assassinato de Javier Ordóñez em um procedimento policial.
Os autores descrevem o caso como "um dos mais graves episódios de violações aos direitos humanos na história da cidade de Bogotá".
"O uso ilegal de armas de fogo por alguns membros da instituição levou a um massacre que custou a vida de 11 jovens em circunstâncias idênticas e em um curto período de tempo", acrescenta a investigação encabeçada pelo ex-procurador da Colômbia Carlos Negret.
O documento lembra que os protestos dos jovens começaram com o assassinato de Ordóñez em Bogotá, na madrugada de 9 de setembro. O taxista de 46 anos de idade foi brutalmente subjugado em uma rua por dois policiais que tentaram prendê-lo e descarregaram de forma prolongada uma arma de descarga elétrica contra ele.
"O massacre ocorreu na ausência de uma ordem política e operacional para não utilizar armas de fogo contra manifestantes, em um contexto social complexo e altamente tenso que exigiu uma liderança política e operacional decisiva em nível nacional e distrital, baseada em direitos, para evitar sua ocorrência", afirma o relatório de 177 páginas.
Segundo o relatório, a brutalidade policial foi intensa contra jovens de setores de baixa renda de Bogotá e Soacha, e o resultado mostra que "há uma criminalização da pobreza por parte das forças de segurança".
As vítimas, que tinham entre 17 e 27 anos de idade, tinham em comum sua origem pobre e o fato de terem vindo para a capital em busca de melhor educação e oportunidades de trabalho. Essas características, diz o relatório, sugerem uma "reflexão sobre se a polícia se comporta de forma mais repressiva e autoritária em relação aos cidadãos de baixa renda".
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