Londres (das agências) O comissário-chefe da Scotland Yard, Ian Blair, admitiu neste domingo que é possível que mais pessoas sejam alvejadas pela polícia nas buscas pelos terroristas dos ataques de quinta-feira passada na rede de transportes de Londres. Em declarações à rede de tevê Sky News após a morte por engano do brasileiro Jean Charles de Menezes, Blair disse que a polícia adotou a "política de atirar para matar" para fazer frente aos suicidas e admitiu que esta prática não será modificada. "Pode ser que se atire em mais alguém, mas tudo está sendo feito para que seja a pessoa certa", disse o comissário-chefe. Neste domingo, o comissário pediu desculpas pela morte de Jean Charles, expressando "profundo pesar".
O ministro britânico de Exteriores, Jack Straw, também defendeu neste domingo o apelo político de "atirar para matar" adotada pelas forças de segurança para enfrentar o problema dos terroristas suicidas. Em declarações à rede BBC, Straw disse lamentar profundamente a morte do brasileiro, no entanto, ressaltou que é essencial que a polícia enfrente a ameaça dos ataques suicidas. "Obviamente, (a morte) é profundamente lamentável, mas temos de levar em conta a intensa pressão com que os policiais trabalham."
O Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou nota ontem condenando o assassinato de Jean Charles. Segundo a nota, a morte do brasileiro "mostra os riscos e danos morais de um Estado policial". A entidade brasileira critica os efeitos colaterais do estado de alerta permanente, no qual "suspendem-se direitos e garantias individuais. Cria-se ambiente de pânico e insegurança coletivos. Agride-se o estado democrático de Direito".
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