O governo da Malásia investiga a identidade de quatro passageiros que embarcaram com documentos falsos num Boeing 777 da Malaysia Airlines, que desapareceu entre a Malásia e o Vietnã no sábado.
A investigação sobre os passageiros adiciona a suspeita de terrorismo ao mistério em torno do voo MH370, que levava 239 pessoas e sumiu dos radares cerca de uma hora depois de decolar da capital malasiana, Kuala Lumpur, rumo a Pequim.
No segundo dia de buscas, um avião do Vietnã avistou um objeto no mar que poderia ser uma porta da aeronave, mas já era quase noite e não foi possível uma identificação precisa. Novo sobrevoo na área seria feito na noite de ontem (manhã no Vietnã).
O foco das buscas vinha sendo a costa sul do Vietnã, onde uma mancha de óleo foi avistada. Mas as autoridades malasianas afirmaram que a área foi ampliada.
Um representante da empresa aérea disse hoje que os parentes dos passageiros foram prevenidos de que devem "esperar o pior".
Suspeitas
A lista de passageiros incluía um cidadão da Áustria, Christian Kozel, e um da Itália, Luigi Maraldi. Os governos dos dois países informaram ontem que eles não estavam no voo e que ambos tiveram os passaportes roubados na Tailândia o de Kozel, em 2012, e o de Maraldi no ano passado.
Hoje o ministro dos Transportes da Malásia, Hishammuddin Hussein, disse que o serviço de inteligência do país estava investigando outros dois passageiros, sem entrar em detalhes.
"Unidades de contraterrorismo de todos os países relevantes foram informadas", afirmou Hussein. "Não queremos focar só nos quatro. Estamos investigando a lista de passageiros inteira e considerando todas as possibilidades." Segundo a imprensa americana, o FBI (polícia federal dos EUA) enviará agentes para a investigação.
Aumentando as especulações, os bilhetes dos passageiros que usaram os passaportes falsos eram contínuos, indicando que foram emitidos juntos, segundo a CNN.
Comprados em uma agência de turismo na Tailândia a preços idênticos, em baht (moeda local), os bilhetes tinham partida de Kuala Lumpur e escalas em Pequim e Amsterdã. O do passaporte italiano seguia para Copenhague (Dinamarca); o do austríaco tinha Frankfurt (Alemanha) como destino.
As autoridades malaias afirmaram que estão revendo as imagens das câmeras de segurança para identificar os passageiros suspeitos.
Explosão
Segundo o comandante da Força Aérea da Malásia, Rodzali Daud, radares militares indicam que o Boeing teria dado "meia-volta" antes de desaparecer dos sistemas, o que significa que poderia estar em outra região.
Um funcionário que participa das investigações disse à agência Reuters que o fato de não ter sido encontrado ainda nenhum destroço é um indício de que o avião possa ter se desintegrado no ar por uma explosão.
Segundo uma autoridade do governo dos EUA citada pelo New York Times, o Pentágono não registrou nenhuma explosão em seu sistema de rastreamento global.
Falhas de segurança
Mesmo que o desaparecimento do avião possa não ter nenhuma relação com os passageiros de passaportes roubados, está claro que houve várias falhas de segurança.
Os dois passaportes roubados constavam do banco de dados da Interpol, que deveria ter sido consultado pelas autoridades da Malásia.
"É de grande preocupação que alguém tenha embarcado num voo internacional usando documento registrado como falso em nosso sistema", afirma o secretário-geral da Interpol, Ronald Noble.
O ministro malasiano do Interior, Ahmad Hamidi, disse que os passageiros com os passaportes dos dois europeus tinham aparência asiática e criticou os funcionários da imigração.
"Estou perturbado. O que eles imaginaram? Um italiano e um austríaco com rosto oriental?", afirmou Hamidi.