Forças de segurança da Tunísia usaram gás lacrimogêneo e cassetetes para dispersar nesta segunda-feira uma multidão de manifestantes, na capital, Túnis, que exigia a renúncia do governo por não ter processado aliados do ex-presidente, derrubado em janeiro.
Centenas de pessoas tentaram se reunir diante da sede do Ministério do Interior, na avenida Bourguiba, centro da cidade, constatou um repórter da Reuters.
"Nós precisamos de uma nova revolução... Nada mudou", disse à Reuters o manifestante Mounir Troudi. "Este governo deveria sair imediatamente."
Os policiais, concentrados em grande número em frente do Ministério do Interior, lançaram gás lacrimogêneo e bateram com cassetetes em algumas pessoas, forçando-as a se dispersarem.
A Tunísia provocou uma reviravolta no Oriente Médio em janeiro quando protestos em massa forçaram o líder do país, Zine al-Abidine Ben Ali, a fugir para a Arábia Saudita. A revolução na Tunísia passou a servir de modelo para levantes em vários países da região - a chamada "Primavera Árabe".
No entanto, o governo interino que agora dirige a Tunísia enfrenta dificuldades para restabelecer a estabilidade. Protestos e greves ocorrem regularmente.
Alguns grupos envolvidos na derrubada de Ben Ali dizem que ele e aliados deveriam ter sido processados com mais vigor e suspeitam que alguns integrantes do atual governo simpatizem com o regime derrubado.
Houve grande descontentamento no país depois que o ministro da Justiça do governo de Ben Ali foi libertado e uma pessoa amiga da ex-primeira-dama fugiu para Paris sem ir a julgamento.
Muitos tunisianos comparam a situação no país com a do Egito, onde o ex-presidente Hosni Mubarak e seus filhos foram a julgamento, mostrados na TV, e apareceram no tribunal dentro de uma jaula.