A polícia britânica está se preparando para a probabilidade de que o funeral de Margaret Thatcher, morta na segunda-feira aos 87 anos, seja marcado por protestos contra seu legado polêmico - e por manifestações contra a decisão do governo de honrá-la com a ajuda do dinheiro do contribuinte. Conversas em sites, redes sociais e fóruns revelam vários planos de grupos de extrema esquerda que pretendem demonstrar sua insatisfação durante a própria cerimônia, que acontecerá na próxima quarta-feira (17) na Catedral de Saint Paul, no coração de Londres. O funeral também já recebeu o codinome de "Operação True Blue", uma referência à cor do conservadorismo encarnado pela Dama de Ferro.
Como o Palácio de Buckingham confirmou nesta segunda-feira que a rainha Elizabeth II iria assistir à cerimônia, junto com seu marido, o príncipe Philip, a Scotland Yard será responsável por uma operação de policiamento chefiada pelo comandante David Martin, especializado em terrorismo, de acordo com o jornal "The Guardian". A procissão também será acompanhada por militares dos três exércitos do Reino Unido.
Antes da cerimônia, o caixão de Thatcher irá permanecer no Parlamento. Na quarta-feira, as ruas serão fechadas ao tráfego, enquanto os restos mortais da ex-premier britânica serão levados em uma carruagem até catedral. Espera-se que líderes e personalidades de todo o mundo participem da cerimônia, que será transmitida ao vivo.
Alguns grupos já têm planejado na internet comemorações para os dias que antecedem a cerimônia. No sábado, por exemplo, está sendo organizada uma festa a partir das 18h, na Trafalgar Square, segundo o "Independent". Se concretizados, os protestos podem ser uma dor de cabeça para a polícia, que terá que equilibrar suas forças, certificando-se que o cortejo fúnebre não seja interrompido e, ao mesmo tempo, respeitando o direito do público de expressar sua opinião em relação a uma das mais polêmicas políticas modernas, no Reino Unido e no mundo.
Oficiais especializados em ordem pública irão monitorar redes sociais, sites e até troca de mensagens nos próximos dias, para identificar qualquer sinal de protesto. As preocupações foram alimentadas por uma série de festas de rua improvisadas ??que eclodiram na segunda-feira à noite em Leeds, Bristol, Brixton e Glasgow - algumas resultaram em prisões de manifestantes após confrontos com a polícia.
Nesta terça-feira, o gabinete do primeiro-ministro David Cameron afirmou em um comunicado que os detalhes do funeral foram planejados em uma reunião entre representantes da família, do governo, do Palácio de Buckingham, do Exército e da polícia. O esquema de segurança para o desfile, detalhes do protocolo e a lista de participantes do evento também foram discutidos.
Uma pesquisa publicada nesta terça-feira pelo jornal britânico "The Guardian" apontou que cerca de 50% dos britânicos considera positivo o legado do governo da ex-primeira-ministra. Para 50% dos britânicos o legado da ex-primeira-dama foi positivo; 34% dos britânicos consideram os mandados da Dama de Ferro ruins; 11% acreditam que o governo não foi positivo nem negativo; e 5% não tem opinião formada sobre o tema.