A polícia de Pequim procura por pelo menos oito pessoas, supostamente ligadas ao incidente ocorrido na última segunda-feira na Praça da Paz Celestial, quando um carro se chocou e pegou fogo próximo ao retrato de Mao Tsé-tung na Cidade Proibida, o que deixou 5 mortos e 38 feridos.
O jornal independente "South China Morning Post (SCMP)" publicou nesta quarta-feira que as autoridades formaram uma equipe especial para encontrar os suspeitos e começaram as buscas por duas pessoas da etnia uigur. Esse grupo é majoritário em Xinjiang, no noroeste de país, e professa a religião muçulmana, e viveu recentemente vários conflitos com a etnia han, que é maioria na China.
A busca, no entanto, foi estendida para outros cinco suspeitos.
Todos eles são de Xinjiang e têm nomes uigur, com a exceção de um jovem de 21 anos, Liu Ke, aparentemente da etnia Han.
Essa informação aparece em uma nota da polícia, enviada para os hotéis de Pequim horas depois do fato com os nomes dos suspeitos, e que pedia aos estabelecimentos que informassem as forças da ordem se tivessem pistas de algumas dessas pessoas.
Além disso, também ofereceu os registros, todos de Xinjiang, de quatro veículos suspeitos, inclusive uma motocicleta.
Em Xinjiang, as autoridades também começaram uma investigação. A polícia advertiu aos hotéis para que não aceitassem como hospedes pessoas que se enquadrem na descrição "uigur, homem e com barba longa", confirmou ao "SCMP" um funcionário de um estabelecimento na cidade de Hotan, nessa mesma região.
A notificação policial não vincula as investigações com o ocorrido na Praça da Paz Celestial. O governo chinês quase não divulgou detalhes sobre o fato que, oficialmente, foi caracterizado como um "acidente de trânsito".
No entanto, a nota policial ressaltou que a busca está relacionada com "um fato muito importante ocorrido em Pequim no dia 28".
O Congresso Mundial Uigur pediu "calma e precaução" ao falar do incidente e demonstrou sua preocupação pela falta de transparência do governo chinês.
O Executivo do país asiático ressaltou na última terça-feira através da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, que Xinjiang é uma região na qual "houve casos de terrorismo e violência", mas que "desfruta de um sólido desenvolvimento econômico e social".
A China "tomará medidas enérgicas contra qualquer tipo de violência, a fim de salvaguardar a segurança de sua gente", acrescentou Hua em entrevista coletiva, ao assinalar também que o país aplicará medidas efetivas para garantir a segurança da capital.
Por volta das 12h05 locais da segunda-feira (2h05 de Brasília) um veículo 4x4 invadiu a área próxima ao portão de Praça da Paz Celestial, onde fica o famoso retrato de Mao Tsé-tung na entrada da Cidade Proibida, e atropelou vários turistas e policiais em sua passagem, antes de pegar fogo.
No fato, segundo relatórios oficiais, os três ocupantes do veículo morreram e mais dois turistas, uma mulher filipina e um homem da província chinesa do Cantão. Entre os feridos há outros três turistas filipinos e um japonês.
Xinjiang, no extremo noroeste da China, é uma região habitada por etnias muçulmanas descendentes dos povos da Ásia Central, como os uigures, e em julho de 2009 um enfrentamento entre essa etnia e os chineses han causou mais de 200 mortes na capital regional, Urumqi.
O governo da China atribui esse fato e outros ocorridos na região (com frequência contra instalações policiais e militares) a grupos terroristas que buscam a criação de um "Turquestão Oriental" independente em Xinjiang.