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Eleições

Polícia prende terceiro candidato da oposição em dez dias na Nicarágua

Félix Maradiaga, pré-candidato à presidência da Nicarágua, é o terceiro opositor do regime preso nesta semana (Foto: EFE/ Jorge Torres)

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Em nova ação contra rivais do ditador Daniel Ortega, a polícia da Nicarágua prendeu mais um pré-candidato à presidência da oposição, o terceiro nos últimos dez dias. A Polícia Nacional do país informou nesta terça-feira (8) que prendeu Félix Maradiaga, que está sendo investigado pelo Ministério Público por supostamente "incitar a interferência estrangeira nos assuntos internos". Ele também é acusado de delitos como "desestabilização", "propor bloqueios econômicos" e "aplaudir a imposição de sanções contra a Nicarágua".

Acadêmico e ativista, Maradiaga foi detido após ter se apresentado para depor no Ministério Público, onde foi confirmada a abertura de uma investigação contra o opositor. "Venho com serenidade, confiando em primeiro lugar em Deus e na vontade deste povo de encontrar liberdade e justiça", disse o ativista a jornalistas ao chegar ao Ministério Público.

A cinco meses das eleições presidenciais, em que o ditador Daniel Ortega tentará o quinto mandato, Mariaga é o terceiro pré-candidato de oposição a ser investigado e detido. A primeira a ser detida foi Cristiana Chamorro, filha da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro e figura da oposição com maior chance de vencer, e o segundo, Arturo Cruz, que serviu como embaixador do atual chefe de governo nos Estados Unidos entre 2007 e 2009.

"A prisão do terceiro opositor em dez dias não deixa dúvidas de que Ortega é um ditador", disse a chefe do Departamento de Estado para as Américas, Julie Chung. "A comunidade internacional não tem outra opção que não tratá-lo como tal."

Em um indicativo de que mais detenções ocorrerão, a Justiça convocou um quarto pré-candidato, Juan Sebastián Chamorro, primo de Cristiana, para interrogatório.

Acusação

"O acusado está sendo investigado por realizar atos que minam a independência, a soberania e a autodeterminação, incitando a interferência estrangeira nos assuntos internos, apelando para intervenções militares, organizando-se com financiamento de potências estrangeiras para realizar atos de terrorismo e desestabilização", informou a polícia no comunicado em que anunciou a detenção de Mariaga.

"Também por propor e gerir bloqueios econômicos, comerciais e financeiros contra o país e suas instituições, exigindo, exaltando e aplaudindo a imposição de sanções contra o Estado da Nicarágua e seus cidadãos, e prejudicando os interesses supremos da nação", completa a nota.

Esses crimes estão contemplados na Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação pela Paz, aprovada pela Assembleia Nacional, de maioria favorável a Ortega, em dezembro passado.

"A Polícia Nacional está realizando todos os procedimentos de investigação pertinentes e encaminhará a pessoa sob investigação para as autoridades competentes para a acusação e determinação da responsabilidade criminal", detalha o comunicado.

"Indícios de atividades ilícitas"

Por sua vez, o Ministério Público disse que convocou Maradiaga na terça-feira por ter recebido uma reclamação do Ministério do Interior na última sexta contra uma ONG representada pelo político, a Fundação para a Liberdade.

A queixa do Ministério do Interior contra o pré-candidato e a organização foi feita "por ter faltado seriamente ao cumprimento de suas obrigações para com o órgão regulador", de acordo com nota do MP.

"O órgão regulador sem fins lucrativos realizou uma análise da Fundação para a Liberdade e obteve indícios de que através dela e de seu representante legal poderia estar desenvolvendo atividades ilícitas em detrimento da sociedade nicaraguense e do Estado nicaraguense", divulgou a procuradoria, que acusa ainda o opositor de ter cometido fraude à frente do Instituto de Estudos Estratégicos e Políticas Públicas (Ieepp) ao distorcer as metas e objetivos para os quais o organismo foi constituído.

Maradiaga foi diretor da IEEPP, uma organização invadida em setembro de 2019 e cuja personalidade jurídica foi derrubada pela Assembleia Nacional.

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