A polícia da Nicarágua reprimiu neste domingo, com bombas de efeito moral, cassetetes e 26 prisões, o protesto Unidos pela Liberdade, que a oposição tentava fazer em Manágua em repúdio ao ditador Daniel Ortega. Entre os presos estão dirigentes de grupos da sociedade civil e do dissidente Movimento da Renovação Sandinista. Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o regime e pediam para que os policiais não atirassem.
A ação dos agentes começou com um cerco no estacionamento de um shopping, onde o grupo se concentrava. Os participantes, incluindo mulheres e idosos, foram agredidos e arrastados pela rua até carros da polícia. Alguns jornalistas também foram agredidos e retidos, mas liberados minutos depois. “Não respeitam ninguém, nem idosos nem crianças. Isso é prova de uma escala superior da repressão”, disse Azhalea Solís, dirigente da Aliança Cívica.
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A polícia havia anunciado no sábado que não permitiria protestos sem autorização e que tomaria as medidas necessárias para isso. Centenas de policiais de choque foram colocados em vários pontos da capital nicaraguense.
Os opositores também queriam tomar o acesso a Masaya, cidade que foi sitiada durante os protestos entre abril e agosto, nos quais mais de 300 pessoas morreram. O local, porém, foi palco de uma manifestação pró-regime, que, segundo integrantes do regime, tinha a intenção de celebrar a canonização do arcebispo Oscar Romero, que viveu em El Salvador, país próximo à Nicarágua. Ortega também comemoraria a canonização de Romero em um evento fechado na capital. A festa ocorreu apesar das relações cortadas entre a ditadura e a Igreja Católica, que Ortega chamou de “golpista”. A divisão se aprofundou depois que milicianos aliados de Ortega atacaram bispos e igrejas em busca de manifestantes opositores.
“Não vamos pedir licença para protestar. Vimos que é a própria polícia e os paramilitares que fazem o vandalismo para culpar manifestantes”, disse Violeta Granera, dirigente da Frente Ampla para a Democracia. “Que triste e indignante que haja outros atos de repressão contra a população que se manifesta pacificamente. A repressão não é a solução! Chega de prisões arbitrárias!”, disse o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez.