O comissário da polícia de Boston, Ed Davis, disse ontem que os dois irmãos suspeitos dos atentados a bomba da última segunda-feira na Maratona de Boston estariam planejando outros ataques. Os atentados deixaram três mortos e mais de 180 pessoas feridas.
O comissário informou que as autoridades encontraram em um esconderijo explosivos confeccionados domesticamente. As armas foram descobertas logo após do tiroteio entre a polícia e os dois suspeitos.
"Temos motivos para acreditar, com base nas evidências encontradas as explosões ocorridas, o material bélico explosivo achado e o poder de fogo que possuíam que ambos planejavam cometer novos atentados", disse Davis.
O comissário disse também que um explosivo foi encontrado no automóvel Mercedes que os irmãos foram acusados de roubar.
O único sobrevivente suspeito, Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, se encontra hospitalizado em estado grave. Ele foi capturado na noite de sexta-feira, escondido dentro de um barco que estava estacionado no quintal de uma casa em Watertown. Dzhokhar estava ferido por um tiro e havia perdido muito sangue. Seu irmão Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos, também suspeito de participar do ataque da última segunda-feira, foi morto pela polícia na madrugada de sexta-feira.
Críticas
Republicanos e democratas questionaram ontem as autoridades norte-americanas por não terem monitorado suficientemente as atividades Tamerlan, de 26 anos, pelas duas bombas da Maratona de Boston, dadas as aparentes crenças extremistas do jovem de 26 anos.
O FBI disse ter interrogado Tamerlan em 2011 a pedido do governo russo, mas como não encontrou nenhum indicativo suspeito, encerrou o caso.
Em entrevistas em programas de televisão, os políticos questionaram a investigação do FBI sobre o caso, especialmente porque Tamerlan esteve na Rússia por seis meses em 2012. Muitos especulam que o jovem de etnia chechena poderia estar sendo treinado por grupos extremistas na região nesse período.
Caso influencia a reforma migratóriaAgência Globo
Antes mesmo que as autoridades dos Estados Unidos confirmassem a relação dos dois suspeitos de origem chechena com o ataque na Maratona de Boston, políticos e analistas americanos começaram a questionar como o atentado influenciaria outra discussão: a aprovação da reforma migratória, uma das prioridades do segundo mandato do presidente Barack Obama.
Conservadores não tardaram em associar a origem estrangeira dos suspeitos que estavam em situação migratória regular a um potencial perigo representado pela legalização dos 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem no país, uma das propostas da reforma a ser votada no Senado e no Congresso.
Na sexta-feira, o senador republicano Charles E. Grassley, de Iowa, abriu uma audiência sobre leis migratórias, destacando que a questão era importante "principalmente considerando tudo o que tem acontecido em Massachusetts".
A sessão em que democratas e republicanos discutiriam seu parecer sobre o projeto de lei apresentado no início da última semana por uma comissão bipartidária de senadores acabou transformada em um grande debate sobre a tragédia em Boston.
A proposta dos senadores, endossada por Obama, prevê que os imigrantes ilegais que chegaram as EUA antes de 31 de dezembro de 2011 poderão requisitar um status migratório provisório que os impediria de ser deportados. Mas o visto de residência só seria concedido dez anos depois e, a partir daí, seriam necessários outros três anos para a emissão da cidadania americana. Imigrantes que cometeram crimes podem ser impedidos de participar do projeto.
Esta, porém, não é primeira vez que uma tragédia influencia o debate sobre a imigração. Os ataques de 11 de Setembro também geraram discussões similares.