Dois homens detidos na Noruega admitiram ter planejado atentados a bomba, um deles contra um jornal dinamarquês que publicou em 2005 caricaturas do profeta Maomé, disseram autoridades norueguesas na terça-feira.
O outro atentado seria contra a embaixada chinesa em Oslo, disse a polícia.
Shawan Sadek Saeed Bujak, de 37 anos, curdo-iraquiano com visto de residência na Noruega, confessou ter tramado um atentado contra o Jyllands-Posten, um dos principais jornais dinamarqueses, antes de ser preso em julho, segundo as autoridades.
Mikael Davud, de 39 anos, cidadão norueguês de origem uigur (minoria islâmica que vive no oeste da China), admitiu na terça-feira que planejava explodir a embaixada chinesa em Oslo, disse seu advogado norueguês à emissora estatal NRK.
Os dois suspeitos, mais David Jakobsen, de 31 anos, uzbeque radicado na Noruega, foram detidos numa ação coordenada em 8 de julho e foram indiciados pela acusação de conspiração para cometer terrorismo na Noruega.
Mas Siv Alsen, porta-voz do Serviço de Segurança da Polícia Norueguesa, disse que o indiciamento agora poderá ser corrigido para refletir o plano de Bujak contra a Dinamarca.
Os outros dois suspeitos voltaram a ser ouvidos na terça-feira. O advogado de Jakobsen disse que seu cliente reiterou sua inocência. Já Davud fez uma confissão detalhada, de acordo com seu advogado, Carl Rieber-Mohn.
"Ele tinha planos para uma bomba que deveria ser explodida na embaixada chinesa", disse o advogado, enfatizando que seu cliente não admitiu culpa em nenhum crime.
Segundo ele, Davud gostaria de se vingar da China pela morte de parentes e pela opressão aos uigures."Segundo meu cliente, este é um plano que ele teve inteiramente sozinho, e usou os outros dois suspeitos para obter parte dos ingredientes necessários para produzir uma bomba", afirmou Rieber-Mohn.
O editor-chefe do Jyllands-Posten, Joern Mikkelsen, disse ao jornal que a existência de um complô contra a publicação a partir da Noruega é "chocantemente novidade" para ele.
"Infelizmente, esse é mais um exemplo de uma ameaça contra nós, mas é também mais um exemplo de que estão tomando conta de nós", afirmou.
A publicação das caricaturas de Maomé, em 2005, foi considerada ofensiva por muitos muçulmanos, desencadeando protestos no mundo todo.
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