O general Óscar Arriola, chefe da Direção Nacional de Investigação Criminal (Dirincri) da Polícia Nacional Peruana (PNP), afirmou nesta sexta-feira que membros do grupo terrorista Sendero Luminoso, uma guerrilha comunista, se infiltraram nas manifestações antigovernamentais que acontecem no país.
Arriola esclareceu que a polícia não está afirmando que todos os participantes dos protestos são membros do grupo, mas destacou que quer "que a população, que tem todo o direito de protestar pacificamente, saiba que ao seu lado já não há dúvidas de que há membros do Sendero Luminoso".
O último reduto do Sendero Luminoso, aliado ao narcotráfico, sobrevive no Vale dos Rios Apurímac, Ene e Mantaro (Vraem).
O chefe policial também informou da detenção de dirigentes da Frente de Defesa Popular de Ayacucho (Fredepa), presos ontem nessa cidade do sul do país e que, segundo as forças de segurança, estão ligados ao grupo subversivo.
Os detidos são a presidente da Fredepa, Rocío Leandro Melgar, junto com a vice-presidente, Stefany Alanya Chumbes, e o secretário dessa organização, Alejandro Manay Pillaca.
O Ministério Público peruano está investigando os atos violentos que levaram ao saque e incêndio dos escritórios da procuradoria, do Poder Judiciário, da Ordem dos Advogados e de outros órgãos estatais nos dias 15 e 16 de dezembro.
Ao confirmar essas prisões, o Ministério do Interior afirmou que Leandro Melgar fez parte "da organização terrorista Sendero Luminoso e foi detida e encarcerada por participar de ataques nas décadas de 1980 e 1990".
Arriola acrescentou que a "camarada Cusi", como é conhecida, é uma ex-prisioneira "condenada e confessa pelo crime de terrorismo" e era "a terceira integrante" do Sendero em Ayacucho, enquanto acusou Alanya de ser "o comando militar".
“Essas pessoas são membros do principal comitê regional de Ayacucho, do Sendero”, especificou, antes de indicar que a PNP conseguiu “comprovar e verificar” que coordenaram outras ações nos protestos nas regiões de Puno, Andahuaylas e Cusco.
O Peru enfrenta uma onda de protestos antigovernamentais que ocorrem principalmente no sul do país e que até agora deixaram 42 mortos, 531 feridos e 329 detidos, segundo um balanço divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério Público.
Por sua vez, a Ouvidoria Pública indicou que 41 manifestantes morreram em confrontos com agentes da lei, além de um policial, acrescentando que outras sete pessoas perderam a vida "devido a acidentes e ocorrências relacionadas com o bloqueio" de vias, o que eleva o total de mortos para 49.
Os manifestantes exigem a renúncia da presidente peruana, Dina Boluarte, o fechamento do Congresso, a antecipação das eleições gerais para 2023 e a convocação de uma Assembleia Constituinte.
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