A polícia entrou em choque com milhares de manifestantes antigoverno que tentaram invadir a avenida Habib Bourguiba em Túnis nesta segunda-feira (9), desafiando uma proibição a manifestações na área que foi um ponto central da revolta que derrubou o presidente Zine al-Abidine Ben Ali há mais de um ano.
Cerca de 2.000 manifestantes que marchavam nas proximidades da sede do principal sindicato trabalhista, que tem estado à frente da oposição ao governo liderado pelos islâmicos, entraram em confronto com a polícia de choque no prédio do Ministério do Interior na avenida Bourguiba.
O partido moderado islâmico Ennahda, que venceu as eleições do ano passado, está sob pressão de partidos seculares e do sindicato para não dar à religião um papel de muito destaque na vida pública. Partidos salafistas pressionam pelo oposto.
Manifestantes nesta segunda-feira também compararam o Ennahda à família Trabelsi da esposa de Ben Ali, Leila, bastante culpada pelos tunisianos pela corrupção desenfreada dos anos finais de seu regime. "As pessoas estão cansadas dos novos Trabelsis", gritavam os manifestantes.
A polícia confrontou os manifestantes com cassetetes e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, perseguindo manifestantes que arremessavam pedras pelas ruas laterais em cenas que lembravam as táticas usadas durante os 23 anos de Ben Ali como presidente, quando a Tunísia era um estado policial e a liberdade era severamente restrita.
"As pessoas querem a queda do regime", gritavam os manifestantes, repetindo a exigência cunhada na Tunísia durante a revolução de 2011 e que deu início aos protestos da Primavera Árabe.
"Sem medo, sem terror, a rua pertence ao povo", gritavam as multidões enquanto enfrentavam a polícia.
Centenas de outros manifestantes seguiam em direção à rua central vindos de outras áreas após uma convocação online para marchar na avenida Bourguiba no feriado de 9 de abril pelo Dia dos Mártires, marcando a supressão de manifestantes pró-independência por tropas coloniais francesas em 1938.
A Tunísia mudou enormemente desde a revolução, com um sistema democrático já estabelecido e as pessoas comuns podendo falar e fazer demonstrações livremente pela primeira vez.
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